Roberto da Matta - O Estado de S.Paulo Quando trabalhava num museu cheio de ossos e de artefatos indígenas cheirando a naftalina e mofo, eu - recém-chegado de Harvard e contrariamente ao meu projeto de ser apenas um pesquisador - fui galgado à posição de coordenador de um programa de ensino e pesquisa. A saída de seu fundador promoveu a minha entrada na "burro-cracia" federal da universidade e, de repente, eu me vi na posição de liderar um grupo de pessoas que mal conhecia. Éramos todos contra a ditadura militar que então governava um Brasil administrado pelo arbítrio e sem a regra de lei que entre nós, humanos, sempre instáveis e interessados, ajuda a manter a coerência; e, eventualmente, mas nem sempre, garante o uso de um só peso e medida. Um dia, graças a circunstâncias que espero contar com mais detalhes em outro lugar, surgiu a oportunidade de contratar o grupo de professores do programa (de fato, a sua esmagadora maioria), integrando-os aos quadros da universidade.
PhD. Political Science