Congresso reprovado

Instituições frágeis
Fsp 3 março 2010
(Editorial)
Enquanto as atenções se voltam para a evolução da corrida eleitoral entre o governador José Serra e a ministra Dilma Rousseff, a pesquisa Datafolha que apontou a ascensão da candidata petista também mostrou um fato preocupante: o Congresso Nacional permanece reprovado pelos brasileiros.

Segundo o levantamento, apenas 14% dos entrevistados consideram o desempenho dos congressistas ótimo ou bom. Para 39%, a atuação da instituição é considerada regular, enquanto outros 39% declaram que a performance dos parlamentares brasileiros é ruim ou péssima.

Impressiona o fato de a reprovação manter-se relativamente constante ao longo dos anos. Após o escândalo do mensalão, em 2005, 48% dos entrevistados consideravam o Congresso ruim ou péssimo -apenas nove pontos percentuais acima do patamar verificado hoje.

O Executivo é avaliado de forma bastante diversa. Do mensalão até agora, a reprovação a Lula caiu de 29% para 5%. Já 73% do total estimam que hoje sua atuação é ótima ou boa.

Pouco ou nada da melhora real da economia, que se fez refletir na popularidade do presidente, parece ter mitigado o desapreço pelo Congresso. Tudo se passa como se apenas Lula governasse e o Legislativo fosse uma casa descolada dos rumos do país, pouco mais do que um palco para negociatas e escândalos.

Parte do problema reside na qualidade dos legisladores. É de esperar que o exercício recorrente do voto, o aprimoramento da cultura política e a elevação da escolaridade no país contribuam para melhorá-la.

Muito porém poderia ser feito pelos próprios congressistas com vistas a alterar essa imagem pública de submissão ao Executivo e desapreço pelas normas éticas. Deveria partir do Legislativo a busca de mais independência e relevância na formulação de propostas que respondessem às aspirações do país.

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