Novos dados, novas realidades

José Maria P. da Nóbrega Júnior - Doutor em Ciência Política pela UFPE, Professor Adj. III da UFCG, Coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da UFCG (NEVU).



Os homicídios no Nordeste são hoje o principal problema a ser enfrentado pelos gestores públicos da segurança. Com a divulgação dos novos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2015), a preocupação aumenta. Os novos dados da criminalidade homicida na região demonstram mudanças de algumas realidades, com o crime de homicídio epidêmico.
A principal mudança de rumo se deu em Pernambuco. Conhecido por sua política exitosa de segurança. Reduziu a criminalidade homicida em sete anos consecutivos desde o início do plano de segurança conhecido como “pacto pela vida”. Mas, entre 2013 e 2014 os homicídios voltaram a crescer, onde o crescimento no estado foi de 11% de um ano para o outro.
Tabela 1. Crimes Violentos Letais e Intencionais – Nordeste – 2013/2014
Nordeste
2013
2014
var %
Alagoas
2.242
2.131
-4,95%
Ceará
4.391
4.437
1,05%
Bahia
5.713
5.987
4,80%
Pernambuco
3.097
3.435
10,91%
Paraíba
1.537
1.513
-1,56%
Maranhão
1.787
2.147
20,15%
R. G. do Norte
1.624
1.704
4,93%
Sergipe
923
1.043
13,00%
Piaui
551
732
32,85%
Total
23878
25143
5,30%
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2015. Cálculos percentuais do autor.

Estados que apresentaram crescimento contínuo começam a apresentar uma leve retração, como a Paraíba que reduziu o crime em 1,5% de um ano para o outro, e Alagoas que reduziu em quase 5% o número absoluto de CVLI – computa os homicídios dolosos, latrocínios e lesão seguida de morte - o que é importante, já que foram anos consecutivos de crescimento. O desafio é manter a redução em percentuais de -5% ao ano.
Os estados mais graves em termos de crescimento percentual foram o Maranhão e o Piauí, com 20,1% e 32,8% respectivamente. Bahia, como o estado com o maior número absoluto – quase seis mil óbitos - e crescimento de 4,8% entre 2013 e 14, e o Ceará que vem despontando no quadro da violência de forma mais premente nos últimos anos, superando Pernambuco que, na década passada, era bem mais violento que o Ceará.

O nordeste como um todo teve um impacto percentual de crescimento de 5,3% e o numero total foi de 25.143 óbitos por CVLI. O crescimento é contínuo desde o início da série histórica em 1980. Uma tragédia anunciada e que pouco vem sendo feito pelos governos para o seu controle.

Comentários

  1. Realidade muito complexa essa que vivemos nos Estados nordestinos. A queda de eficácia do Pacto pela Vida em Pernambuco deixa claro que uma política pública só tem impacto quando o gestor público tem posição firme na sua aplicação. os dados mostram que sem a mão firme de Eduardo Campos a política começou a regredir. Faz-se necessário gestores que tenham interesse em utilizar os estudos sobre violência e que tomem iniciativas a partir destes dados, mas com monitoramento sistemático das ações programadas!!!

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  2. Olá, vejo que se interessa pelo assunto sobre Constituição Federal, então não deixe de ler esta matéria e criticá-la, pois a troca de conhecimento é sempre vantajosa. Obrigado pela atenção e boa leitura!
    http://valdecyalves.blogspot.com.br/2015/10/a-constituicao-federal-completa-hoje.html

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