Um regime em frangalhos

Protestos violentos contra Maduro deixam mortos na Venezuela
Milhares foram às ruas de Caracas nos últimos dias. Após manifestações, Justiça decretou a prisão de líder da oposição
REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
13/02/2014 13h41 - Atualizado em 13/02/2014 15h47

A vida não está fácil para quem vive naVenezuela. Com uma inflação anual de 56,3%, crescente escassez de alimentos nas prateleiras dos mercados e índices de violência que não param de subir, milhares de venezuelanos foram às ruas de Caracas, nos últimos dias, protestar contra a gestão do presidente Nicolás Maduro. Além deles, partidários do presidente também se reuniram no centro da cidade para defender o político. Com policiais e manifestantes pró e antigoverno, as ruas da capital Caracas ficaram apertadas. Como resultado,  já foram registrados os primeiros mortos e feridos.
Segundo o governo da Venezuela, ao menos três pessoas morreram nos protestos, baleadas por manifestantes rivais. Cerca de 20 ficaram feridas - entre elas, um estudante atingido gravemente na cabeça. Mais de 25 foram detidas por agressão policial e danos ao patrimônio público. Nas proximidades da sede do Ministério Público do país, carros estacionados foram incendiados e vidraçarias de prédios no entorno, destruídas.
Os protestos pró e antigoverno se intensificaram na quarta-feira (12), data em que a Venezuela comemorou o bicentenário da Batalha da Vitória, episódio histórico considerado decisivo para a consolidação da independência do país em relação à Espanha. Neste ano, o clima de comemoração na capital deu lugar à tensão.
Em breve discurso transmitido pelas emissoras estatais de televisão e de rádio, Maduro convocou a juventude socialista para uma marcha pacífica e acusou a oposição de liderar manifestações violentas. “A direita quer encher este país de sangue e provocar uma espiral de violência. Por isso, atuaremos com máxima severidade e castigaremos os culpados de ataques fascistas. Não haverá perdão”, afirmou.
O balanço trágico das manifestações levou a Justiça da Venezuela a decretar nesta quinta-feira (13) a prisão de Leopoldo López, líder do Partido Vontade Popular, da oposição. De acordo com a imprensa local, a juíza Ralenys Tovar Guillén aceitou o pedido do Ministério Público para prender López pelos crimes de formação de quadrilha, instigação a delinquência, intimidação pública, incêndio em edifício público, danos à propriedade pública, lesões graves, homicídio e terrorismo.

Manifestações têm sido registradas nos últimos dias em várias regiões do país. Nas redes sociais, universitários postam fotos de manifestantes feridos e acusam a polícia de agir com violência para reprimir o movimento antigoverno. Circulam ainda informações, não confirmadas, sobre prisões arbitrárias de estudantes - que têm apoio da oposição, liderada por López e pelo governador do estado de Miranda, Henrique Capriles. O presidente Nicolás Maduro diz que continuará a prender aqueles que “não protestarem de forma civilizada e incentivarem a desordem e o caos”. 
Com pouco mais de um ano na presidência, Nicolás Maduro, enfrenta problemas econômicos e protestos da oposição e de parte da sociedade, que o acusam de incapacidade administrativa. Com o registro dos primeiros mortos e feridos nos últimos dias, o presidente terá de provar que eles estão errados.

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