Efetivo policial e homicídios no Nordeste


José Maria Nóbrega Jr. – Doutor em Ciência Política pela UFPE e professor da UFCG | jmnobrega@ufcg.edu.br


Muito se tem discutido sobre a violência e a falta de segurança pública nas grandes e médias cidades do Brasil. No Nordeste não é diferente, se tem especulado muita coisa para tentar explicar as altas nas taxas de homicídios nessa região. Uma das variáveis que se coloca como fator explicativo para as altas taxas de violência, sobretudo homicídios, na região Nordeste é o déficit do efetivo das polícias. Mas, será que o efetivo policial é fator determinante para o controle da variável dependente de homicídio?

Vamos tentar responder estatisticamente:

Tendo como fonte o Ministério da Justiça, levantei os dados de efetivo policial civil e militar nos nove estados nordestinos. Resgatando os dados do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) do DATASUS (Banco de Dados do Sistema Único de Saúde), calculei esses dados de homicídios absolutos (mortes por agressão) em relação à população dos estados (resgatado do IBGE), fazendo o cálculo das taxas de homicídios (tx = hom/pop x 100 mil), em cada estado, para o ano de 2007 (último ano disponível no MJ).

Tabela 1. Efetivos Polícia Civil e Polícia Militar – Taxas de Homicídios por 100/mil
estados NE
POLICIA CIVIL
POLICIA MILITAR
TAXAS DE HOMICÍDIOS
ALAGOAS
2104
8204
59,5
BAHIA
6385
27656
25,7
CEARÁ
12636
12878
23
MARANHÃO
1449
7774
18
PARAIBA
2313
10066
23,5
PERNAMBUCO
5306
16919
53
PIAUI
1365
5591
12,5
RIO GRANDE DO NORTE
1385
7926
19
SERGIPE
1070
5746
25,6
Fonte: Ministério da Justiça (dados do efetivo policial civil do Paiuí de 2006, demais estados de 2007; dados efetivo policial militar de Pernambuco e do Rio Grande do Norte 2006, demais estados 2007). Cálculo das taxas NÓBREGA JR. (2012)
  
Em seguida, apliquei um modelo de correlação bivariada simples para testar a correlação entre efetivos policiais e as taxas de homicídios. O resultado demonstrado na tabela 2 apresenta baixa relação e baixo nível de significância estatística entre o efetivo policial e as taxas de homicídios no Nordeste.


Tabela 2. Modelo de Correlação Bivariada – Polícia Civil – Polícia Militar x Taxas de homicídios
PC
PM
TX HOM
TX HOM
COR
0,067
COR
0,182
SIG
0,864
SIG
0,638

Isso nos aponta para a fragilidade das explicações que se baseiam no efetivo (ou crescimento simples do efetivo) como fator decisivo, ou determinante, ou até mesmo significante para a redução e/ou controle da violência homicida na nossa região. Respondendo a questão: não há correlação entre efetivos policiais e taxas de homicídios na região Nordeste. Ou seja, as taxas de homicídios podem crescer, diminuir, ou se manter estáveis, sem ter como causa ou explicação o déficit policial.

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