Especialistas analisam a questão da violência na Paraíba

Jornal da Paraíba (on line)

Michelle Scarione


Os dados sobre a violência na Paraíba, divulgados na última quarta-feira, pelo Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, conforme especialistas, são decorrentes da falta de políticas públicas concretas implantadas na área de segurança pública do Estado. De acordo com o estudo, a Paraíba ocupa a segunda colocação no ranking nacional de violência, em número de homicídios dolosos. No ano passado, o Estado registrou 1.438 assassinatos.

O professor José Maria Nóbrega, cientista político e coordenador do Centro de Referência de Direitos Humanos do Cariri do Estado, explicou que a violência na Paraíba tem crescido de forma linear e contínua. Para ele, a crescente violência é resultado da fragilidade de políticas públicas em segurança no Estado, somado ao crescimento econômico e melhorias nas condições financeiras da população, o que potencializou o consumo de álcool.

Outro fator apontado pelo professor que pode ter influenciado no aumento da violência foi a migração de criminosos da região Sudeste para a Paraíba. “A implantação de políticas públicas consistentes nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo fez com que os criminosos fugissem para o Nordeste, nos Estados em que há mais espaço para a prática de delitos. Eles agem como empresários do tráfico e as estatísticas mostram que a maioria dos homicídios está ligada ao tráfico de drogas e não existe repressão por parte da polícia nem do Ministério Público,” afirmou o professor.

Já o delegado e especialista em segurança pública Cláudio Lameirão, revelou que é preciso que o modelo de segurança pública seja repensado na Paraíba, e que o assunto não seja mais tratado como um plano de governo e passe a ser considerado política de Estado. “O grande problema é que um governo inicia um planejamento de segurança, mas quando um novo governo assume esse plano já é totalmente esquecido,” explicou Cláudio Lameirão.

Para exemplificar os problemas existentes na segurança da Paraíba, o delegado citou a falta de um sistema informatizado onde possam ser feitos todos os registros de crimes. “Os delegados precisam ter acesso a esses dados, mas infelizmente na Paraíba ainda existem casos em que os Boletins de Ocorrência são feitos manualmente, ou em arquivo de Word,” revelou o delegado.

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