OAB e GAJOP procuram ONU

Comunicado será enviado à relatoria da ONU


Publicado em 04.03.2011, Jornal do Commercio

Entidades de defesa dos Direitos Humanos e de classe vão encaminhar à Relatoria de Liberdade de Expressão da Organização das Nações Unidas (ONU) comunicação relatando o constrangimento contra o repórter especial do JC João Valadares, intimado pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social a revelar fontes de uma série de reportagens publicada há um mês, sobre o sucateamento do Corpo de Bombeiros de Pernambuco. Ontem, representantes do Gabinete de Apoio Jurídico às Organizações Populares (Gajop), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Sindicato dos Jornalistas participaram de ato coletivo de repúdio à medida adotada pelas autoridades correcionais da SDS.

Representando o JC, o diretor de redação Ivanildo Sampaio compareceu à reunião e reiterou que o jornalista João Valadares foi constrangido a identificar as pessoas que teriam contribuído com o levantamento de informações para a reportagem. “A sindicância deixou de lado as denúncias e procurou apenas constranger o repórter a revelar suas fontes”, detalhou Sampaio.

O presidente da OAB/Seção Pernambuco, Henrique Mariano, considerou um excesso a intimação do jornalista. “Consideramos que a Corregedoria da SDS praticou abuso de autoridade ao constranger um jornalista para que ele revele suas fontes.”

Manoel Moraes, coordenador do Gajop, frisou que o jornalismo comprometido é o maior parceiro dos defensores de direitos humanos. “A imprensa é uma grande aliada dos direitos humanos. Defender as prerrogativas dos jornalistas é defender os direitos universais.”

Representando a direção do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco, Andréa Trigueiro repudiou a ação da Corregedoria da SDS. “Somos o elo entre sociedade e instituições. Não podemos aceitar o que aconteceu. Repudiamos a atitude da Corregedoria. Foi no mínimo um equívoco.”

Ivan Moraes Filho, representante do MNDH, declarou que o episódio não foi agressão isolada. A atitude das autoridades correcionais da SDS atingiu toda uma categoria. “Não só os jornalistas, mas todas as empresas de comunicação deveriam se sentir afrontadas com essa medida contra o repórter do JC.”

ENCONTRO

No início da noite, a comissão foi recebida no Palácio do Campo das Princesas pelo secretário de Imprensa, Evaldo Costa, e pelo secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar. Os secretários adiantaram para os representantes das entidades que os corregedores haviam sido exonerados dos cargos.

Tadeu Alencar afirmou que o caso da intimidação “é gravíssimo”, garantindo que a posição do governador é a mesma dos movimentos de defesa dos direitos humanos. “Não poderíamos ter outra opção a não ser determinar que os responsáveis pela investigação, que sofreu desvirtuamento, fossem afastados. Nesse momento, toda a energia é necessária.” Acrescentou que prosseguirá apenas a apuração das irregularidades denunciadas pelo JC.

O advogado Gustavo Magnata, do programa Direitos Humanos Internacional do Gajop, saiu da reunião avaliando como positiva a resposta imediata do governo. “Isso é importante para mostrar que o respeito aos direitos humanos e o compromisso com o controle social são fundamentais.”

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