O GOVERNADOR PUNE CORREGEDORES

» DENÚNCIA CONTRA BOMBEIROS



Corregedores-auxiliares punidos por pressionar repórter do JC

Publicado em 04.03.2011

Elias Siqueira e Frederico Malta perderam cargo um dia após a informação de que Corregedoria da SDS intimou e constrangeu jornalista a revelar fonte

Um dia após o JC denunciar que a Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) intimou e constrangeu o repórter João Valadares a revelar as fontes que subsidiaram denúncias sobre o sucateamento do Corpo de Bombeiros de Pernambuco, o governador Eduardo Campos exonerou os dois coronéis responsáveis pelo procedimento. Em nota divulgada ontem à noite, a assessoria de comunicação do Palácio do Campo das Princesas informou que os corregedores-auxiliares Elias Augusto Siqueira de Souza e Frederico Sérgio Lacerda Malta perderam o cargo. A sindicância para apurar a falta de estrutura continua.

Diz a nota: “Como responsável pela apuração das denúncias, o coronel Siqueira convocou o jornalista João Valadares, do Jornal do Commercio, a prestar depoimento e foi convidado a revelar a identidade de militares que teriam servido como fonte de informação para uma série de matérias. Segundo o governador, a prática é incompatível com o espírito de transparência que preside toda a ação do governo. “Nosso governo é transparente por princípio e por decisão política. Nós consideramos essencial à democracia o preceito constitucional segundo o qual é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”, atestou o governador.

Minutos após a divulgação da nota, o governador voltou ao assunto durante a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento no Ibura, Zona Sul do Recife. “O Pacto pela Vida é a política de segurança pública do Estado, calcada em determinados princípios e um desses princípios é o respeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa. São valores que o governo não transige”, completou Eduardo Campos.

Questionado sobre qual foi sua reação ao saber do episódio, o governador asseverou que tomou conhecimento ao ler o JC pela manhã. “Não houve reação, mas uma tomada de atitude. Porque eu só soube do ocorrido hoje, pela imprensa. Se tivesse sabido antes, teria resolvido antes”, finalizou.

A série de reportagens sobre o sucateamento dos bombeiros começou a ser publicada pelo JC no dia 20 de janeiro. As matérias mostraram a deficiência material e humana da corporação. Além disso, veículos importantes, como uma lancha de resgate em alto-mar e o caminhão equipado com escada Magirus, não recebiam a devida manutenção. Um mês depois, a lancha continua sem funcionar.

INVESTIMENTO

Ainda em janeiro, o governo anunciou, também por meio de nota oficial, investimento de R$ 21 milhões. De acordo com o documento, publicado nos principais jornais de Pernambuco na época, o recurso vai ser empregado na compra de 76 veículos (incêndio, salvamento e resgate) e embarcações operacionais. A Secretaria de Defesa Social assegurou que os processos licitatórios já foram iniciados.

O socorro financeiro aos bombeiros mostrou que as denúncias veiculadas eram verídicas. A nota oficial não rebateu nenhum ponto levantado. A série de reportagens mostrou, por exemplo, que, apesar do investimento de R$ 30 milhões, em quatro anos, em reformas e construção de quartéis, militares sofriam com a péssima condição dos alojamentos. No Grupamento de Salvamento e Ações Táticas (GBSat), em Abreu e Lima, no Grande Recife, os bombeiros passaram quase seis meses dormindo no chão do refeitório.

Comentários

Postagens mais visitadas