"Todo dia explodem um caixa em Pernambuco. Parece terra de ninguém”

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Gangue da bomba sem controle

Publicado em 18.02.2011, Jornal do Commercio

http://jc3.uol.com.br/jornal/2011/02/18/not_412692.php

Polícia não consegue conter onda de ações contra terminais. O mais novo caso do ano ocorreu em Vicência, na Mata Norte, onde banco ficou destruído

VICÊNCIA – Mudança do delegado-titular de Roubos e Furtos, reforço no número de investigadores, criação de um grupo especial de trabalho para acompanhar os casos de arrombamento de caixas eletrônicos e ainda uma campanha em parceria com o Disque-Denúncia. Mas o drible dos criminosos na polícia continua. Até agora, nada disso foi suficiente para barrar as recorrentes investidas contra agências bancárias e explosões contra terminais eletrônicos de autoatendimento. A mais nova ação ocorreu, na madrugada de ontem, na única agência do Banco do Brasil do município de Vicência, na Zona da Mata Norte de Pernambuco.

A carga de explosivo foi tão forte que uma parte da agência ficou destruída. Dois caixas eletrônicos foram explodidos. Outro três ficaram danificados. O teto de gesso desabou e duas portas de vidro, incluindo uma giratória, quebraram. O delegado-titular de Vicência, Victor Melo, informou que 12 homens armados com espingardas e fuzis são os responsáveis pela ação. Os criminosos chegaram em dois veículos, um Siena e um Fox. As placas não foram anotadas.

A quadrilha, de acordo com informações do delegado, colocou grampos de ferro em locais estratégicos da cidade para impedir a entrada de qualquer viatura policial.

“Dois garis, que varriam a avenida, foram feitos reféns e colocados no chão sob a mira das armas enquanto os bandidos estavam dentro da agência bancária”, explicou. Na manhã de ontem, peritos criminais do Instituto de Criminalística estiveram no local. Após alguns minutos de inspeção, encontraram um explosivo que não foi detonado. A carga, transportada num tubo de ferro até o Recife, foi detonada, na tarde de ontem, na Companhia Independente de Operações Especiais da Polícia Militar (Cioe).

Um dos peritos criminais informou que os bandidos utilizaram uma carga muito grande de explosivos. “É possível atestar isso pelo impacto da destruição”, avaliou.

Moradores de Vicência ouviram o barulho de até um quilômetro de distância. “Eu estava dormindo. Escutei mais de uma explosão. O barulho foi muito forte mesmo. Não sabia o que estava acontecendo. Por um instante, achei que eram os transformadores da rua”, disse o comerciante Antônio Luiz França.

Na manhã de ontem, o delegado tomou o depoimento dos dois garis. “Eles relataram que foram feitos reféns. Apenas quatro bandidos, segundo eles, entraram na agência bancária.” À tarde, o delegado responsável pela ocorrência solicitou imagens do circuito eletrônico interno de segurança do banco. “Tive informação de que a agência é equipada com câmeras. No entanto, ainda não sei se foi possível gravar a ação. Já encaminhei uma solicitação.”

Ontem pela manhã, a Polícia Civil não quis informar a quantia levada pelos criminosos. O procedimento, conforme os policiais, é uma maneira de não estimular novas investidas. Funcionários e a gerência da agência do Banco do Brasil de Vicência não quiseram falar com a imprensa sobre o assunto. O local ficou fechado durante todo o dia de ontem. Apenas alguns funcionários trabalharam internamente. Não houve nenhum tipo de atendimento ao público.

“Além do absurdo que é explodir uma agência, a população fica toda prejudicada. Eu preciso fazer alguns pagamentos e não tenho como. Só existe essa agência aqui na cidade. Como vamos fazer? O governo precisa tomar providências urgentes contra os criminosos. Todo dia explodem um caixa em Pernambuco. Parece terra de ninguém”, reclamou a aposentada Maria Alves Siqueira, 68 anos.