Lula, um déspota disfarçado

Aécio: "Lula sai menor do que entrou nesta eleição"


Aécio diz que presidente o decepcionou ao abandonar papel institucional para virar cabo eleitoral de Dilma






Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA e TERESINA. O senador eleito pelo PSDB de Minas, Aécio Neves, voltou a criticar ontem o comportamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação não só à agressão sofrida pelo candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e à investigação da Polícia Federal sobre as quebras de sigilos fiscais de tucanos. Para Aécio, Lula, como um chefe de Estado, não pode esquecer o papel institucional que ocupa para virar cabo eleitoral de sua candidata, a petista Dilma Rousseff. Aécio diz que Lula saiu menor ao misturar as funções de presidente e de cabo eleitoral nesta campanha.

Vejo com muita tristeza a opção feita pelo presidente Lula, que abandonou seu papel institucional para virar um cabo eleitoral. Com essa postura, o presidente sai menor do que entrou nesta eleição afirmou Aécio ao GLOBO.

Anteontem, Lula ironizou a agressão sofrida por Serra acusando o tucano de simular um ferimento na cabeça e comparando-o com o goleiro da seleção chilena Roberto Rojas, que, numa partida das eliminatórias da Copa de 1989, forjou um ferimento. A exemplo de outros petistas, Lula também insiste na tese de que as violações de sigilos fiscais de tucanos constatadas na Receita teriam sido fruto da disputa entre Aécio e Serra pela vaga de candidato tucano à Presidência.

A democracia é maior do que uma eleição e um conjunto de forças políticas. Por isso, não posso deixar de externar minha tristeza com o comportamento de uma pessoa a quem sempre julguei manter uma relação de amizade e de respeito acrescentou Aécio.

Embora tenha feito questão de destacar que sempre teve relação de amizade com o presidente, a quem respeitou pela sua história de vida e trajetória política, Aécio admitiu estar decepcionado com o comportamento de Lula nesta campanha eleitoral. Já durante o primeiro turno, Aécio não perdoou a forma agressiva como Lula tentou interferir na disputa estadual.

Parlamentares do DEM e do PSDB afirmaram que Lula já vinha aumentando os ataques à oposição, mas que, ainda assim, ficaram surpresos com o tom adotado anteontem. O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), disse que Lula acaba incentivando a violência ao adotar o tom jocoso que adotou na quinta. Ele disse ainda que Lula extrapola, pois estaria abandonando a postura de magistrado, de chefe da República, e assumindo mais sua função de principal cabo eleitoral da candidatura petista.

Vamos fazer um ato de desagravo no Rio a tudo que Lula está fazendo disse Paulo Bornhausen. Ao saber que a campanha de Dilma também faria um ato no Rio, o líder do DEM brincou: Vou usar um capacete.

Em Teresina, Aécio disse que lamenta e acha triste o fato de Lula estar agindo como chefe de facção e não como presidente da República na campanha eleitoral

COLABOROU Efrém Ribeiro

Autor: O Globo

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