O voto retrospectivo e as eleições


Por Adriano Oliveira – Cientista Político


Gestores bem avaliados tendem a ser reeleitos ou eleger os seus candidatos. Esta é tese da literatura da Ciência Política. Tese viável e já comprovada empiricamente. Observo, contudo, que é impossível compreender o processo eleitoral, nos quais estão presentes eventos, através de leis deterministas. Isto significa que boas administrações tendem a eleger candidatos. Neste caso, nem sempre gestores bem avaliados são reeleitos ou elegem os seus candidatos.


O presidente Lula, por ter uma administração bem avaliada, tende a eleger Dilma. O governador Eduardo Campos em razão de ter a gestão bem avaliada tende a ser reeleito. Estou, neste caso, diante de premissas, as quais podem ou não ser falseadas. Isto significa que o eleitor pode fazer a opção, por conta de diversas variáveis que interferem no processo eleitoral, por votar num oposicionista ou em um “aparente” oposicionista.


Eleitores têm condições de utilizar de diversos meios para obter informações sobre os competidores de uma eleição. O guia eleitoral é um meio. Este serve para desconstruir administrações ou para provocar emoções no eleitor. Administrações podem ser construídas, desconstruídas ou fortalecidas através do guia eleitoral.


Um gestou mal avaliado utiliza da propaganda eleitoral para mostrar os feitos da sua administração. E com isto, conquistar eleitores. Opositores utilizam das inserções políticas para desconstruir a avaliação positiva de um dado gestor. E o gestor bem avaliado utilizará da propaganda eleitoral para fortalecer a imagem positiva da sua administração.


Os competidores precisam considerar as possibilidades mostradas. Não existe na disputa eleitoral determinismo. Acasos ocorrem. Ou lógicas possíveis. Por exemplo: é possível que nas eleições deste ano ocorra o que denomino de voto retrospectivo despersonalizado. O eleitor, admirador da administração de Lula, reconhece qualidades em Serra, e opta por escolhê-lo para presidente. Constata-se, neste caso, a despersonalização do voto.


O eleitor retira, sem sentir falta, Lula da disputa eleitoral. E vota em José Serra. Então, ele despersonalizou o voto retrospectivo, já que este, segundo a literatura, está fortemente associado ao gestor bem avaliado. Como Serra optou, acertadamente, por não criticar Lula, o classifico como um “aparente” oposicionista. As chances de Serra nesta eleição estão no voto despersonalizado.


E as chances de Jarbas ou de qualquer outro candidato oposicionista a uma gestão bem avaliada? Os opositores estaduais de Lula precisam estadualizar a disputa. Esquecer a competição nacional. Elas devem optar também, considerando as peculiaridades dos candidatos, por utilizar técnicas de comunicação que emocionem o eleitor. A emoção enfraquece a escolha racional do eleitor, por conseqüência, o impacto junto ao eleitor de uma dada administração bem avaliada poderá ser enfraquecido.

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