POLÍCIA E DEMOCRACIA


Qual o tipo de policial que queremos?


O que implica a aplicação da força em Estado Democrático de Direito?


Qual formação é a ideal para a polícia?


O texto do Alexandre Barros anterior ilustra qual o papel da polícia e do militarismo. A polícia é uma instituição civil e segue parâmetros que devem cumprir seu papel: manter a ordem pública e as garantias fundamentais que constam nas constituições dos países democráticos. No entanto, sabemos que a tortura é uma técnica utilizada pela polícia brasileira como "técnica" de investigação.


Matéria do JC da sexta-feira, dia 13 de novembro, mostra que não é só uma "técnica", mas uma "costume" da polícia brasileira que precisa acabar totalmente. Não estou generalizando, creio que existem muitos policiais honestos e que seguem as regras do jogo democrático, mas os que não seguem este jogo maculam a imagem da polícia e robustece a desconfiança da sociedade.


» VIOLÊNCIA

Policiais acusados de espancamento e tortura no Sertão

Publicado em 13.11.2009


Agentes federais e PMs suspeitaram que funcionários de uma empresa teriam roubado som de carro e submeteram todos a pontapés, socos e sufocamentos




Policiais federais e militares lotados em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) são acusados de promover uma sessão de espancamento e tortura contra 14 empregados de uma empresa de engenharia de Petrolina, no último fim de semana. Os cerca de 40 policiais estavam em uma festa de confraternização na casa de um delegado federal, quando um PM percebeu que seu carro havia sido arrombado. O grupo foi para as ruas próximas e passou a realizar abordagens, até chegar ao alojamento da Majestosa Engenharia. No local, segundos os funcionários, deram início às ações de violência, que duraram das 16h às 19h. Foram três horas de tapas, socos, pontapés e sufocamentos com sacos plásticos.


Dos 14 funcionários, três precisaram de atendimento médico e dois permanecem internados. Todos os empregados que estavam no alojamento pediram demissão da empresa, por temer represálias.


“Alguém levou o som do carro de um dos policiais que estava na festa. Não sei de onde eles tiraram que poderia ter sido um dos nossos funcionários. Invadiram o alojamento e saíram batendo nas pessoas. Quando cheguei ao local encontrei três homens chutando um empregado que estava no chão”, afirmou um funcionário da Majestosa Engenharia que pediu para não ser identificado.


Os 14 funcionários estavam no alojamento por residirem fora de Petrolina. Eles estavam espalhados pelos três cômodos do prédio (dormitório, refeitório e sala de TV) e foram sendo agredidos à medida que os policiais iam vasculhando a construção.


“Nunca vi uma situação como aquela. Eram 14 pais de família, recolhidos em um alojamento de uma empresa particular, sendo espancados e torturados por policiais sem farda, armados e embriagados. Nada intimidava os envolvidos. Quando vi o que estava acontecendo não sabia nem o que fazer. Para quem eu iria ligar se era a própria polícia quem estava atacando os empregados?”, questionou o funcionário que testemunhou as agressões.


Depois que os policiais deixaram o local, sem encontrar nada do que foi levado do veículo arrombado, três dos 14 empregados estavam desfalecidos, machucados e com hematomas pelo corpo. “Levantamos os três e demos um banho com água e sal para que eles pudessem se recuperar e levamos para o hospital”, detalhou a testemunha.


O medo causado pela violência das agressões fez com que os empregados da Majestosa Engenharia pedissem para ser atendidos em unidades médicas fora de Petrolina. Os dois que permanecem internados estão em hospitais de outras cidades do Sertão.


As vítimas das agressões faziam parte de um grupo de funcionários da empresa que acabou de concluir um curso de especialização de 300 horas e são consideradas profissionais treinadas para trabalhos da construção civil no Sertão pernambucano.


“Nunca um trabalhador iria deixar o alojamento de sua firma para roubar um som de carro estacionado na casa do vizinho. Mesmo que tivesse sido eles, não há desculpa para a tortura. Eram uns 40 policiais. Os que não bateram, não tomaram qualquer providência para evitar o crime”, concluiu a testemunha.


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