Em 3 anos, sobe renda de 18,5 mi de pessoas

Publicado em 06.11.2009 (Jornal do Commercio)

Pesquisa do Ipea mostra que 7 milhões de pessoas deixaram segmento de baixa renda e ascenderam à classe média e mais 11,5 milhões passaram a fazer parte da camada de mais alta renda do País
SÃO PAULO – Em apenas três anos (2005 a 2008), 18,5 milhões de brasileiros tiveram elevação real em seus rendimentos individuais superior ao crescimento da renda per capta e à inflação e passaram aos níveis mais altos de renda na pirâmide social brasileira. Esta é uma das conclusões da análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que se baseou nos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad 2008), do IBGE. Os 18,5 milhões de pessoas representam quase 10% da população do País, hoje com cerca de 193,7 milhões de habitantes.
O documento, divulgado ontem, mostra que 7 milhões de pessoas deixaram o segmento de baixa renda ascenderam à classe média e 11,5 milhões passaram a fazer parte da camada de mais alta renda do País. “Por este estudo é possível perceber que a sociedade brasileira voltou a ter mobilidade. É um quadro de ascensão social que deriva das melhoras ocorridas no interior do mercado de trabalho em termos de ampliação do emprego e, sobretudo, melhora da renda”, explicou Marcio Pochmann, presidente do Ipea.
O estudo do Ipea considera como classe média rendimentos mensais entre R$ 188 e R$ 465, classe alta acima de R$ 465 e, abaixo de R$ 188, são classificados como baixa renda.
Essa rápida ascensão aos níveis mais altos de renda, segundo a pesquisa, se deu com mais intensidade nas regiões Sudeste e Nordeste, e atingiu uma parcela maior de indivíduos negros e do sexo feminino. Além disso, essa população deixou de se concentrar nas grandes cidades e foi para cidades do interior.
“Na base da estrutura social brasileira percebemos que a mobilidade social está fortemente associada ao sexo feminino e também a população negra que melhorou a sua condição no segmento da renda intermediária. Já temos hoje uma elite negra no País”, disse Pochmann.
O Ipea, órgão ligado ao governo federal, também verificou a representação de cada uma das classes sociais nas camadas de renda da população brasileira entre 1995 e 2008, chegando a conclusão de que houve uma redução da participação do segmento de renda mais baixa. Em 1997, as pessoas que ganhavam menos representavam 34% da população economicamente ativa. No ano passado, essa participação caiu para 26%, o menor nível desde 1995. Já a classe média que respondia por 21,8%, cresceu para 37,4% no mesmo período. Já os de renda mais alta subiram de 35,8% para 36,6%.
Segundo Pochmann, com esses resultados a ideia de pirâmide social no Brasil precisa ser reconfigurada, porque o País está caminhando para a “figura de um barril”, que passará a representar a redução da presença da população de menor renda e a ampliação da renda intermediária, acompanhada da melhora do estrato superior de renda dos brasileiros. Outro fato que ficou claro no estudo, foi a descentralização do desenvolvimento, das empresas e do emprego que estão saindo dos grandes centros urbanos em direção ao interior do País.

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