PM refaz circuito de crime

Publicado em 17.10.2009

Adriana Guarda

adrianaguarda@jc.com.br
Enviada especial

SALGUEIRO – As investigações sobre o sequestro do capitão Marcos Vinícius Barros dos Santos e o roubo do arsenal da PM se estenderam durante todo o dia de ontem. Depois de ajudar a elaborar o retrato falado de um suspeito, pela manhã, o oficial refez, à tarde, parte do circuito dos quartéis assaltados na madrugada de quinta-feira.

Na companhia do delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE) Cláudio Castro, que está à frente dos trabalhos, o capitão mostrou como foi obrigado pelos bandidos a levar o armamento. Entretanto, o trajeto se limitou ao batalhão de Salgueiro.

Marcos Vinícius também ajudou a periciar o carro usado por ele para recolher as armas em Salgueiro, Terra Nova, Parnamirim, Serrita e Verdejante. No veículo, há marcas de barro similares ao material encontrado na estrada que leva até Terra Nova. O Polo Sedan de cor chumbo e placa KJJ-2712 foi deixado pelos bandidos em Belém do São Francisco e agora encontra-se na garagem da Delegacia de Salgueiro.

TESES

O cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Maria Nóbrega, acredita que o sequestro do capitão pode estar relacionado com o processo de migração do crime organizado do Sudeste para o Nordeste. “Circulam informações de que os criminosos tinham sotaque do Sudeste do País”, comenta o acadêmico, que é autor do trabalho Homicídio no Nordeste - Um estudo recente. O professor também alerta para a coincidência de redução do crime no Sudeste a partir de 2006 e, em contraponto, do aumento no Nordeste na mesma época.

Nóbrega diz, ainda, que o fato de as políticas públicas estarem se fechando na Região Metropolitana do Recife (RMR) deixa um flanco aberto no interior. “As estatísticas comprovam que, com a exceção da Mata Norte, de Caruaru e dos municípios do Sertão do São Francisco, onde existe uma política interessante de combate ao crime, nas demais cidades do interior a criminalidade tem aumentado.”

Na avaliação do cientista político, o tráfico de drogas é o combustível do crime no interior. “De outubro de 2008 a maio de 2009, mais de 30% dos crimes tinham o tráfico como principal causa. A vingança também aparece como uma das motivações e, mais uma vez, é possível remeter ao tráfico.” Ele acredita que as armas roubadas vão dar robustez ao crime organizado. “Aposto que as armas serão usadas em roubo de carga. Com o dinheiro, acredito que a quadrilha financiará o tráfico de crack..”

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