Dados descritivos do 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 2021.
Dados descritivos do 15º
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 2021.
Por José Maria Nóbrega
Jr. – cientista político e professor universitário.
Recentemente foi
publicado o 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2021), trabalho de extrema
importância do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Dos anuários já
publicados pelo FBSP, este é o mais repleto de informações. Resumirei aqui,
algumas dessas informações.
O Anuário 15 traz os
dados divididos em: 1. Estatísticas Criminais; 2. Estatísticas de Armas de
fogo; 3. Estatísticas de gastos em segurança pública; 4. Estatísticas de
segurança privada; 5. Estatísticas sobre a Força Nacional e operações de
garantias da lei e da ordem; 6. Estatísticas sobre o sistema prisional; 7.
Estatísticas sobre violência contra crianças e adolescentes; 8. Estatísticas
sobre o que pensa os profissionais da segurança pública; 9. Estatísticas sobre
mapeamento das polícias e dos corpos de bombeiros militares.
Sobre as estatísticas
criminais, o relatório divide esta seção em: 1. Mortes violentas intencionais;
2. Vitimização e letalidade policial; 3. Desaparecimentos; 4. Crimes contra o
patrimônio e entorpecentes; 5. Injúria racial e LGBTQI+; 6. Outros registros; e
7. Violência doméstica e sexual.
No que diz respeito as
mortes violentas intencionais (mvis) – que é a soma dos homicídios dolosos, das
mortes resultado de agressão, das mortes resultado de intervenção policial, das
mortes de policiais e dos latrocínios -, houve 50.033 mortes desse tipo no
Brasil no ano de 2020. Um incremento de 4% em relação a 2019, quando houve
47.742 óbitos. A taxa saltou de 22,7 por cem mil habitantes em 2019, para 23,6
em 2020. Destacar que, entre 2017 e 2019 tivemos redução expressiva de mvis na
ordem de 31%.
Setenta e oito por cento
das mortes foram praticadas por arma de fogo. Setenta e seis por cento das
vítimas foram da cor negra. Cinquenta e quatro, dois por cento de jovens entre
18 e 24 anos e mais de 90% eram homens. O perfil da vítima está praticamente
inalterado.
As maiores taxas de mvis
por cem mil habitantes foram registradas nos seguintes estados/unidades da
federação: 1. Ceará, com taxa de 45,2/100 mil; 2. Bahia, com taxa de 44,9/100
mil; 3. Sergipe, com taxa de 42,6/100 mil; e 4. Amapá, com 41,7/100 mil de
taxa. Portanto, três estados nordestinos e um nortista.
As menores taxas de mvis
por cem mil habitantes foram registradas nos seguintes estados/unidades da
federação: 1. Distrito Federal (DF), com a taxa de 14,2/100 mil; 2. Minas
Gerais, com a taxa de 12,6/100 mil; 3. Santa Catarina, com a taxa de 11,2/100
mil; e 4. São Paulo, com a taxa de 9/100 mil. Portanto, DF e três estados do
sul/sudeste.
No que diz respeito aos
crimes patrimoniais, houve redução nas estatísticas em todos os tipos penais.
Redução de 26,9% no roubo de veículos; 27,1% de redução a roubo a
estabelecimento comercial; 16,6% de redução a roubos em residências; 36,2% de
redução de roubo a transeunte; e 25,4% de redução de roubo de carga.
A violência praticada
contra a população LGBTQI+ foi acrescida em 24,7%, com 121 assassinatos
perpetrados em 2020. O número de pessoas desaparecidas também cresceu, na ordem
de 27,6%, com 62.857 desaparecidos, o que dá 172 indivíduos desaparecidos ao
dia.
A violência sexual caiu
14,1% na relação com 2019, com 60.460 estupros registrados em 2020. Em 60,6%
dos casos as vítimas tinham até 13 anos de idade. Em 85,2% dos casos o autor da
agressão era conhecido da vítima. Em 86,9% dos estupros, as mulheres/meninas
foram vítimas.
As mortes decorrentes de
intervenção policial variaram em 190% entre os anos 2013 e 2020, saltando de
2.212 mortes em 2013, para 6.416 em 2020. O total de todo o período foi de
37.029 mortes em decorrência de intervenção policial, com a média anual de
mortes de 4.629 óbitos desse tipo.
Dos mais de cinco mil e
quinhentos municípios do país, 138 deles, ou 2,5%, com população superior a 100
mil habitantes tiveram taxas de mvis superiores à média nacional. “Somados,
eles respondem por 37,7% de todas as Mortes Violentas Intencionais do país”
(ANUÁRIO 15, pg. 29).
O Rio de Janeiro é o
estado com o maior número de municípios com estas características. São vinte e
quatro municípios com taxas de mvis superiores à média nacional. A Bahia é o
segundo desse ranking, com dezessete municípios com taxas de mvis superiores à
média nacional.
O ranking dos dez
municípios mais violentos por esse indicador é o seguinte:
1. Caucáia (CE) – com a
taxa de 98,6 por cem mil habitantes; 2. Cabo de Santo Agostinho (PE) – 90/100
mil; 3. Feira de Santana (BA) – 89,9/100 mil; 4. Simões Filho (BA) – 89,8/100
mil; 5. Maranguape (CE) – 79/100 mil; 6. Maracanaú (CE) – 78,4/100 mil; 7.
Santo Antonio de Jesus (BA) – 76,2/100 mil; 8. Camaçari (BA) – 75,9/100 mil; 9.
São Gonçalo do Amarante (RN) – 71,4/100 mil; e 10. Nossa Senhora do Socorro
(SE) – 68,4/100 mil. Todos na região nordeste.
Os mvis apresentaram
variação de 5,9% em seus números absolutos entre 2011 e 2020. Nesta série
histórica, foram 556.987 pessoas mortas de forma violenta intencional, com média
de 55.699 mvis ao ano. As taxas de mvis por cem mil habitantes apresentou recuo
de -3,7% na mesma série histórica, caindo dos 24,5/100 mil em 2011, para
23,6/100 mil em 2020. O melhor ano foi 2019 com a taxa de 22,7/100 mil e o pior
ano foi 2017 com a taxa de 30,9/100 mil, sendo, também, o ano mais violento em
números absolutos de mvis com 64.078 óbitos.
A região nordeste foi a
mais violenta no mesmo período (2011/2020) entre as regiões brasileiras
(verificar que os dez municípios mais violentos por taxas de mvis se localizam
nesta região). Foram 225.974 pessoas vitimadas, ou 40,5% dos óbitos de todo o
país, entre 2011 e 2020. O pior ano foi 2017, com 27.288 mvis e o melhor foi
2019 com 18.190. A média dos mvis foi de 22.597, com a taxa média de 40,2/100
mil, acima da média nacional em 47,2%.
Entre os estados do país,
o que apresentou a maior taxa de mvis em 2020 foi o Ceará, com 45,2/100 mil (destacar
que o município mais violento entre os que apresentam taxas superiores à média
nacional é Caucáia, no Ceará, como vimos acima), e a menor taxa de mvis em 2020
foi de São Paulo, com 9/100 mil. A maior variação entre 2019 e 2020 nas taxas
de mvis foi no Ceará, com 75,1%, e a menor foi a do Amapá com -23,6% na mesma
relação.
O estado que apresentou a
maior retração em suas taxas de mvis na série histórica 2011/2020 foi Alagoas
com -51,1/100 mil; a taxa em 2011 foi de 76,4/100 mil, e em 2020 foi de
37,3/100 mil. O estado que apresentou o maior avanço nas taxas de mvis foi o Amapá,
com 996,4% de incremento na variação, saltando de 3,8/100 mil em 2011, para 41,7/100
mil em 2020.
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