Fraude nas eleições bolivianas
Foto: O Globo
Em matéria publicada hoje
em site de grande circulação nacional sobre as eleições na Bolívia, era essa
uma de suas chamadas principais: "A Organização dos Estados Americanos
(OEA), que enviou um grupo de observadores, manifestou "profunda
preocupação e surpresa" com o que chamou de "mudança drástica e
difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após
o fechamento das urnas" (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/22/bolivianos-vao-as-ruas-para-protestar-contra-fraude-nas-eleicoes-presidenciais.ghtml).
A apuração eleitoral para
presidente apareceu com diferenças entre os principais postulantes. Evo
Morales, em uma disputa dura com o seu adversário e rival Carlos Mesa, aparecia
na contagem de votos de forma muito emparelhada quando, do nada, houve uma
revira volta em favor do atual presidente, candidato a reeleição e que governa
o país há quase duas décadas.
“Uma contagem preliminar,
que tinha sido interrompida na noite de domingo (21), foi retomada na segunda e
chegou a apontar uma vantagem suficiente para garantir a vitória de Morales no primeiro
turno, mas depois a vantagem diminuiu. Até as 22h45 (horário de Brasília) o
resultado ainda era incerto, mas os apoiadores de Carlos Mesa foram às ruas
para protestar”.
“Às 22h45, com 95,63% dos
votos apurados na contagem preliminar, Evo Morales tinha 46,4%, e Carlos Mesa
aparecia com 37,07%”.
“Já no sistema de contagem
voto a voto, mais lento, no mesmo horário haviam sido apurados 89,40% dos
votos, com Mesa liderando, com 42,29%, enquanto Morales tem 42,04%”. (https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/22/bolivianos-vao-as-ruas-para-protestar-contra-fraude-nas-eleicoes-presidenciais.ghtml).
A fraude é quase certa! A
OEA já aponta para isso. Seria mais um plano do Foro de São Paulo na região? Provavelmente
sim!
A Bolívia é classificada
como um regime híbrido, próximo a autoritário, pelo Index of Democracy da
Revista The Economist em seu documento anual de classificação de regimes
políticos, o The Economist Intelligence Unit. No seu último resultado, relativo
ao ano de 2018, a Bolívia teve como resultado do escore médio a nota de 5,7,
numa pontuação que vai de 0 a 10, quanto mais próximo de 0 menos democrático é
considerado o país.
O país andino foi
classificado na posição 83 entre 169 países analisados, estando na 18ª posição
entre os 24 países da América Latina e Caribe. Por incrível que pareça, a
Bolívia teve a sua melhor pontuação no critério “processo eleitoral e pluralismo”
dos cinco critérios analisados do conceito de democracia do referido index, com
nota 7,5.
Os demais critérios
analisados foram: funcionamento do governo (com a nota de 4,64); participação
política (5,56); cultura política (3,75) e liberdades civis (7,06). O Index of
Democracy da The Economist classifica os países entre: democracias consolidadas;
democracias falhas; regimes híbridos; e autoritários. Portanto, uma indexação quadricotômica.
Baseado numa
classificação teórica, podemos classificar os países entre: democracias
consolidadas; semidemocracias; semiautoritarismos e autoritários. Daí a Bolívia
seria um país semiautoritário no qual as elites dirigentes não aceitam o jogo
democrático (definido nos cinco critérios analisados e na base teórica dahlsiana
– referente ao cientista político norte-americano Robert Dahl – na qual uma
democracia, ou poliarquia em seu conceito, seria um regime político no qual a
oposição teria total garantia institucional para proceder com seus interesses
sendo, portanto, as eleições o principal mecanismo de garantia para ela).
Aliás, é característica
de boa parte dos países latino-americanos a falta de convergência entre as
elites em torno das regras do jogo democrático – o conceito de elite não é
econômico, mas sim político. Dessa forma, elite política “são pessoas capazes,
em virtude de suas posições estratégicas em organizações poderosas, de afetar
os resultados políticos nacionais regularmente e de forma substancial”, mas não
no que essas elites convergem que é o jogo político da democracia, as eleições.
(BURTON ET AL, 1992; Elites and Democratic Consolidation in Latin American and Southern Europe. Cambridge
University Press).
A elite política no poder
na Bolívia parece não ter se acomodado, ou assentado, às regras do jogo
político democrático mais premente, as eleições livres, limpas e isentas como
mecanismo fundamental para a consolidação do regime democrático naquele país.
E, pelo que parece, a tendência da Bolívia é seguir o caminho do autoritarismo.
by JMN
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