Democracia e elites políticas
A
democracia liberal tem como conceito fundamental a orquestração das elites
políticas em torno das regras do jogo democrático. Tais regras devem ser o fundamento
da relação de poder em uma sociedade democrática. O povo como unidade
conceitual perde fôlego e entra a perspectiva na qual os indivíduos, ou os
eleitores, tomam vez na abordagem empírica da democracia. Esta é um regime
político no qual elites políticas decidem políticas públicas depois do
resultado eleitoral. A qualidade dessas elites no exercício do poder é
fundamental para o sucesso do método democrático.
No
Brasil, temos um histórico de avanços e retrocessos quanto ao método
democrático – este definido como eleições livres, limpas e periódicas. Da
proclamação da República até hoje, passamos por recuos autoritários em meio a
processos de escolha de governantes. O último retrocesso se deu em 1964 e, até
este momento, vivemos em uma semidemocracia – sistema político no qual há
eleições, mas o regime não se consolida.
A
redemocratização não foi suficiente para introduzirmos uma democracia
consolidada em nossas plagas. Prevalece ainda um regime de baixa intensidade
democrática com grandes dificuldades de consolidação, em que eleições se dão em
meio a escândalos frequentes de corrupção que envolvem a elite política
dirigente – de todas as cores ideológicas, com destaque a esquerda, que
governou durante 13 anos o país e tem, hoje, o seu principal líder preso por
corrupção.
Aí
voltamos para discutir a qualidade das nossas elites, pois, em democracia
liberal não é o povo que toma às rédeas das decisões públicas, mas as elites
que estes escolhem em processos eleitorais contínuos. A qualidade das elites políticas
se mede na capacidade administrativa do Estado, nas decisões públicas nas
principais arenas decisórias – principalmente no Parlamento -, e na
responsividade – que envolve transparência e seguimento da lei.
Passados
mais de trinta anos da transição democrática, ainda apelamos por elites
responsivas no quadro da semidemocracia que ainda permanece. O risco de
retrocesso a um regime não democrático persiste, não obstante os desavisados e
desinformados dessa Nação insistirem no contrário!
by JMN
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