Os determinantes da violência no Nordeste V
Homicídios e tráfico de drogas: qual
o nível da sua correlação?
José Maria Pereira da
Nóbrega Júnior – Doutor em Ciência Política pela UFPE, Professor Adjunto IV da
Universidade Federal de Campina Grande, PB. Brasil.
A violência é crescente no
contexto latino-americano. Um dos graves problemas enfrentados pelos governos
no continente é o tráfico de drogas e o quanto de mortes ele provoca, resultado
da política de enfrentamento. O tráfico de drogas é resultado da proibição do
consumo e venda dessas substâncias o que estimula o ator social a prática do
crime, já que o lucro é alto e imediato. A intenção deste pequeno artigo não é
criticar a política de enfrentamento às drogas praticada pela maioria dos
estados latino-americanos, mas, simplesmente, avaliar uma hipótese, esta
baseada na política de enfrentamento.
H1: A política de
confronto ao tráfico de drogas é eficiente como controle da criminalidade
violenta.
Partindo da premissa na qual o
crime é resultado do afrouxamento do Estado em garantir lei e ordem, testarei a
hipótese supracitada com duas variáveis, uma dependente, no caso um indicador
de violência, e outra independente, ou seja, um indicador que possa servir como
Proxy da atuação coercitiva estatal[1].
Dessa forma, a variável de violência será as taxas de homicídios por cem mil
habitantes (dependente) e a variável institucional será as taxas de ocorrências
por tráfico por cem mil habitantes[2].
O gráfico acima expõe a dinâmica
da violência na Região Nordeste. Esta nos servirá como lócus de análise da
criminalidade violenta para o teste da H1.
Os números demonstram crescimento
linear e contínuo e a sua variação percentual no período 2000/2015 foi de 147%
na região. As taxas de homicídios e as taxas de ocorrência por tráfico de
drogas estão sumarizadas na tabela 1.
Tabela 1. Taxas de
homicídios e Taxas de Ocorrência por Tráfico de Drogas – Região Nordeste – Ano
2013.
Estados do Nordeste
|
Taxas de Homicídios
|
Taxas Tráfico de drogas
|
Correlação
|
|
Maranhão
|
31,37
|
15,1
|
R=0,045
|
|
Piauí
|
18,62
|
16,1
|
||
Ceará
|
50,31
|
37,7
|
||
Rio Grande do Norte
|
42,19
|
8,5
|
||
Paraíba
|
39,17
|
9,6
|
||
Pernambuco
|
33,39
|
54,8
|
||
Alagoas
|
64,54
|
23,4
|
||
Sergipe
|
43,3
|
23,1
|
||
Bahia
|
33,42
|
35,4
|
Fonte: Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM/DATASUS). Cálculo das taxas de homicídios do
autor. Sistema Nacional
de Estatísticas em Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESP/JC)/Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP)/Ministério da Justiça; Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Fórum Brasileiro de Segurança
Pública.
O cruzamento das duas colunas de
dados em uma correlação nos forneceu um R=0,045,
ou seja, não há correlação entre os dois conjuntos de dados. Isso indica que a prisão
por tráfico de drogas não está surtindo efeito no controle do crime violento,
ou seja, é uma política ineficaz o encarceramento por tráfico de drogas.
Para o teste da H1,
temos, para os nove estados da região nordeste em conjunto, a refutação desta
hipótese,
que se mostrou falsa para o teste aqui efetuado.
Respondendo ao questionamento do
título deste artigo: a correlação é nula, pois o R da correlação se mostrou
muito próximo de zero.
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