Plano Nacional de Segurança
Artigo publicado no JC do dia 13.01.2017
José
Maria Nóbrega Jr.
O Brasil atravessa uma
das piores crises de segurança pública de sua história. Apesar de seis estados
nordestinos terem reduzido a violência homicida entre 2014 e 2015, as
atrocidades dentro dos presídios revelaram a face mais horrenda de nossa
sociedade. Um verdadeiro “estado de guerra hobbesiano”. Como resposta imediata
as imagens chocantes de presos sendo decapitados, o Governo Federal elaborou um
Plano Nacional de Segurança Pública.
Preliminarmente, a
impressão que tenho é que menos da metade de tudo que está lá escrito será
efetivamente executado. Outro ponto, não há uma linha sobre como será o
enfrentamento às facções criminosas.
As metas apresentadas
foram: 1) redução anual dos homicídios dolosos em 7,5%; e 2) aumento na
celeridade das investigações e processos em 20% no que tange à violência contra
a mulher. Metas já para este ano.
O conceito que está na
base do plano é o de cooperação e integração entre as instituições coercitivas
– polícias, justiça criminal, sistema carcerário, forças armadas e defensoria
pública – e seus atores sociais. A envergadura dessa cooperação é complexa e
necessita de grande esforço do gestor para ser bem-sucedida.
Nos pontos a respeito
da reforma prisional – muitos deles sem previsão orçamentária – não há uma
linha sequer sobre como será o enfrentamento às principais facções que ocupam o
lugar do estado dentro dos presídios. Sabe-se que as rebeliões e carnificinas
são o produto de uma guerra pelo poder do tráfico de drogas e armas no Brasil.
O Plano chega a tocar na questão das fronteiras com o uso das forças armadas e
da polícia federal, mas a estratégia a ser usada não é explicada.
O Plano também fala de
capacitação de seus atores no âmbito da Senasp. A base da capacitação estaria
numa ampla modernização dos procedimentos estatísticos e de informação das
instituições coercitivas. Numa realidade na qual as delegacias e cadeias
públicas das principais cidades do país não têm sistema integrado de informação,
na qual os seus principais atores sociais não são devidamente capacitados e
motivados, dificilmente um Plano como este terá êxito.
José
Maria Nóbrega Jr. é cientista político da Universidade Federal de Campina
Grande, PB.
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