Ranking as cidades mais violentas da Paraíba em 2013
Ranking as cidades mais violentas da Paraíba em 2013
José
Maria P. da Nóbrega Jr. - Professor de Ciência Política e Pesquisador da UFCG.
A violência é um dos
principais males sociais que a sociedade contemporânea sofre. O nordeste é hoje
a região mais violenta do Brasil com números cada vez mais frequentes de óbitos
por agressão. Os homicídios dolosos estão no topo dessa lista de mortes
provocadas de forma violenta e intencionalmente. A Paraíba vem apresentando
números crescentes de homicídios desde o início da década passada e, no último
ano da série histórica do principal banco de dados de violência do país, o SIM
(Sistema de Informação de Mortalidade do DATASUS – Sistema de Dados do Sistema
Único de Saúde), apresentou número superior aos mil e quinhentos óbitos desse
tipo.
A Paraíba possui 223
municípios dos quais apenas 40, ou 17,8% destes, concentrou mais de 80% de
todos os homicídios do estado. Tais municípios, em geral, têm mais de 10.000
habitantes – ou seja, a demografia populacional é altamente correlacionada com
a violência homicida –, com os mais populosos concentrando a maior parte desses
óbitos, mas com alguns out-liers que
apresentaram alto nível de violência homicida não obstante ser de baixa
densidade populacional.
Os municípios foram
selecionados tendo como base o número de assassinatos ocorridos no ano de 2013.
Ou seja, os municípios que tiveram de cinco a mais homicídios perpetrados
naquele ano. Tivemos algumas surpresas, a começar pelo desvio padrão[1] do tamanho da população,
que foi de 124.068 habitantes, pois a cidade menos populosa teve pouco mais de
quatro mil habitantes em 2010 (ano do senso demográfico), enquanto a mais
populosa, João Pessoa (Capital do Estado), teve mais de 720 mil habitantes.
Outra surpresa foi o dado de
assassinatos da cidade mais violenta do ranking elaborado (tabela 1.). Brejo
dos Santos, cidade localizada na fronteira com o Ceará na microrregião
conhecida como Catolé do Rocha, que apresentou 13 assassinatos no ano de 2013,
mas com uma população pouco maior de seis mil habitantes, demonstrou a maior
taxa de homicídios do estado, com 209,7 homicídios por cem mil habitantes[2].
O desvio padrão das taxas de
homicídios apresentou um nível menos discrepante que aquele encontrado na
população, com 35,8 homicídios por cem mil habitantes, onde a já citada cidade
de Brejo dos Santos apresentou a maior taxa, 209/100 mil, e Queimadas
apresentou a menor taxa entre as cidades mais violentas do estado, com 12,1/100
mil (cf. tabela 1.).
As Nações Unidas, tendo como
padrão a recomendação da Organização Mundial de Saúde, estipula o número de
10/100 mil como o limite do tolerável de violência homicida. Os dados, quando
muito alterados acima desse limite pode levar a um estado de epidemia homicida.
O que ocorre na maioria dessas cidades.
Tabela
1. Ranking das taxas de homicídios na Paraíba – 40 cidades (5 óbitos >) –
2013
Cidades
|
Ranking taxas paraíba
|
Brejo dos Santos
|
209,75
|
Conde
|
116,82
|
Santa Rita
|
116,37
|
Montadas
|
100,2
|
Lucena
|
85,25
|
Brejo do Cruz
|
76,2
|
Cuitegi
|
72,58
|
Mari
|
70,83
|
São Bento
|
68,01
|
João Pessoa
|
66,2
|
Cabedelo
|
65,58
|
Bayeux
|
56,16
|
Alhandra
|
55,53
|
Arara
|
55,32
|
Campina Grande
|
52,96
|
Pitimbu
|
52,87
|
Caaporã
|
44,2
|
Patos
|
43,71
|
Soledade
|
43,67
|
Pombal
|
43,6
|
Teixeira
|
42,39
|
Princesa Isabel
|
42,29
|
Alagoa Grande
|
42,14
|
Boqueirão
|
35,53
|
Esperança
|
35,38
|
Santa Luzia
|
33,97
|
Solânea
|
33,72
|
Mamanguape
|
30,73
|
Alagoa Nova
|
30,49
|
Rio Tinto
|
30,47
|
Sapé
|
29,91
|
Guarabira
|
28,92
|
Aroeiras
|
26,2
|
Monteiro
|
25,93
|
Sousa
|
22,8
|
Cajazeiras
|
22,24
|
Pedras de Fogo
|
22,2
|
Catolé do Rocha
|
20,86
|
Lagoa Seca
|
19,31
|
Queimadas
|
12,18
|
Fonte:
SIM/DATASUS. Taxas calculadas pelo autor.
Os números absolutos, o
tamanho de suas populações e os cálculos das taxas por cem mil, podem ser
visualizadas na tabela abaixo (tabela 2.). Verifiquem os out-liers, Brejo dos Santos (1º do ranking de taxas por cem mil),
com 13 assassinatos, 6.198 habitantes e 209,7 de taxa por cem mil[3]. Cuitegi (7º do ranking),
com 5 assassinatos, 6.889 habitantes e 72,5 de taxa[4], e Montadas (4º do
ranking), com 5 assassinatos, 4.990 habitantes e 100,2 de taxa por cem mil[5].
Tabela
2. Municípios paraibanos, homicídios, população e taxa por 100 mil - 2013
MUN.
|
HOM.
|
POP. (2010*)
|
TAXA 100 MIL
|
Alagoa Grande
|
12
|
28.479
|
42,14
|
Alagoa Nova
|
6
|
19.681
|
30,49
|
Alhandra
|
10
|
18.007
|
55,53
|
Arara
|
7
|
12.653
|
55,32
|
Aroeiras
|
5
|
19.082
|
26,20
|
Bayeux
|
56
|
99.716
|
56,16
|
Boqueirão
|
6
|
16.888
|
35,53
|
Brejo do Cruz
|
10
|
13.123
|
76,20
|
Brejo dos Santos
|
13
|
6.198
|
209,75
|
Caaporã
|
9
|
20.362
|
44,20
|
Cabedelo
|
38
|
57.944
|
65,58
|
Cajazeiras
|
13
|
58.446
|
22,24
|
Campina Grande
|
204
|
385.213
|
52,96
|
Catolé do Rocha
|
6
|
28.759
|
20,86
|
Conde
|
25
|
21.400
|
116,82
|
Cuitegi
|
5
|
6.889
|
72,58
|
Esperança
|
11
|
31.095
|
35,38
|
Guarabira
|
16
|
55.326
|
28,92
|
João Pessoa
|
479
|
723.515
|
66,20
|
Lagoa Seca
|
5
|
25.900
|
19,31
|
Lucena
|
10
|
11.730
|
85,25
|
Mamanguape
|
13
|
42.303
|
30,73
|
Mari
|
15
|
21.176
|
70,83
|
Montadas
|
5
|
4.990
|
100,20
|
Monteiro
|
8
|
30.852
|
25,93
|
Patos
|
44
|
100.674
|
43,71
|
Pedras de Fogo
|
6
|
27.032
|
22,20
|
Pitimbu
|
9
|
17.024
|
52,87
|
Pombal
|
14
|
32.110
|
43,60
|
Princesa Isabel
|
9
|
21.283
|
42,29
|
Queimadas
|
5
|
41.049
|
12,18
|
Rio Tinto
|
7
|
22.976
|
30,47
|
Santa Luzia
|
5
|
14.719
|
33,97
|
Santa Rita
|
140
|
120.310
|
116,37
|
São Bento
|
21
|
30.879
|
68,01
|
Sapé
|
15
|
50.143
|
29,91
|
Solânea
|
9
|
26.693
|
33,72
|
Soledade
|
6
|
13.739
|
43,67
|
Sousa
|
15
|
65.803
|
22,80
|
Teixeira
|
6
|
14.153
|
42,39
|
Total
|
1298
|
2.358.314
|
55,04
|
Fonte:
SIM/DATASUS/IBGE. Taxas calculadas pelo autor.
É importante traçar
estratégias e distribuir os recursos de acordo com essas demandas regionais.
Apesar da maioria dos homicídios se concentrarem nas regiões mais urbanizadas e
nas metropolitanas dos estados nordestinos, urge um movimento no interior do
estado para o estanque da criminalidade de forma mais efetiva.
[1] “Em Probabilidade e Estatística, o
desvio padrão é a medida mais comum da dispersão estatística. Ele mostra o
quanto de variação ou ‘dispersão’ existe em relação à média (ou valor
esperado). Um baixo desvio padrão indica que os dados tendem a estar próximos
da média; um desvio padrão alto indica que os dados estão espalhados por uma
gama de valores” [https://pt.wikipedia.org/wiki/Desvio_padr%C3%A3o].
[2] Medida de padrão internacional.
[3]
Localizada na região do Catolé do Rocha.
[4]
Localizada na microrregião de Guarabira, integrante da região metropolitana de
Guarabira.
[5]
Situado na região metropolitana de Esperança, agreste paraibano.
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