Violência no Nordeste do Brasil dobrou nos últimos 10 anos, diz New York Times
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
30/08/2011
12h09
O mapa da violência no Brasil se reconfigurou. Regiões tradicionalmente violentas no país, como o Sudeste, onde o Rio de Janeiro e São Paulo são palcos de tiroteios e sequestros, deram lugar ao Nordeste, segundo reportagem do "New York Times" desta terça-feira. De acordo com uma pesquisa feita pelo cientista político José Maria Nóbrega, professor da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, nos últimos dez anos o índice de assassinatos no Nordeste dobrou. No mesmo período, o número de homicídios caiu 47% no Sudeste.
O jornal americano afirma que em apenas um dia, no mês de julho, seis pessoas foram mortas em Salvador, na Bahia. No fim do mês, o registro de homicídios, segundo a polícia, chegou a 354. Espelhando-se no Rio de Janeiro, que instalou 19 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) desde 2008 em várias comunidades da cidade, as autoridades de Salvador tentam contornar a onda de crimes violentos, instalando unidades policiais permanentes em áreas mais críticas, como as frequentadas por traficantes de drogas.
Nóbrega e as autoridades locais foram unânimes em afirmar ao "New York Times" que o aumento do crime no Nordeste mostra como o boom econômico no Brasil está fazendo com que a violência relacionada ao tráfico migrar para outras partes do país, uma vez que os traficantes buscam novos mercados. O aumento do poder aquisitivo de uma população até então carente tem estimulado o tráfico, resultando em conflitos entre facções rivais.
Segundo o NYT, a chegada do crack tem sido devastadora em Salvador, particularmente na comunidade Nova Constituinte, na periferia da cidade. O líder comunitário Arnaldo Anselmo, de 52 anos, contou ao jornal que uma série de assassinatos relacionados à droga aconteceram nos últimos cinco anos, incluindo a morte de seis adolescentes durante uma troca de tiros.
A explosão de violência na última década se concentra na Bahia e em Alagoas. Entre 1999 e 2008, a taxa de assassinatos no estado baiano cresceu 430%. Para o governador Jaques Wagner, o tráfico acompanha o aumento da demanda por consumo de drogas. "O progresso social no Brasil é visível. Mas, ao mesmo tempo, nós ainda temos problema com o tráfico e a falta de respeito pela vida humana", disse o governador ao NYT.
O jornal americano chama a atenção para o fato de que Salvador é uma das cidades que vai receber os jogos da Copa do Mundo, em 2014, o que torna o alto índice de violência ainda mais preocupante. Agências de viagem afirmaram que estão preocupadas com os crimes na Bahia. "Salvador não está de forma alguma preparada para receber a Copa do Mundo e eles (as autoridades) estão começando a perceber isso", disse Paul Irvine, diretor da agência de viagem Dehouche, no Rio de Janeiro, que vende pacotes para a capital baiana.
Ainda durante a entrevista ao NYT, Jaques Wagner, entretanto, minimizou as preocupações com os jogos, lembrando que todo ano o Carnaval da Bahia recebe mais de um milhão de turistas, cuja segurança é garantida por 22 mil policiais. "Passamos quatro anos sem um homicídio no desfile. Para mim, a força policial não terá qualquer problema durante a Copa do Mundo".
Da Agência O Globo
30/08/2011
12h09
O mapa da violência no Brasil se reconfigurou. Regiões tradicionalmente violentas no país, como o Sudeste, onde o Rio de Janeiro e São Paulo são palcos de tiroteios e sequestros, deram lugar ao Nordeste, segundo reportagem do "New York Times" desta terça-feira. De acordo com uma pesquisa feita pelo cientista político José Maria Nóbrega, professor da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, nos últimos dez anos o índice de assassinatos no Nordeste dobrou. No mesmo período, o número de homicídios caiu 47% no Sudeste.
O jornal americano afirma que em apenas um dia, no mês de julho, seis pessoas foram mortas em Salvador, na Bahia. No fim do mês, o registro de homicídios, segundo a polícia, chegou a 354. Espelhando-se no Rio de Janeiro, que instalou 19 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) desde 2008 em várias comunidades da cidade, as autoridades de Salvador tentam contornar a onda de crimes violentos, instalando unidades policiais permanentes em áreas mais críticas, como as frequentadas por traficantes de drogas.
Nóbrega e as autoridades locais foram unânimes em afirmar ao "New York Times" que o aumento do crime no Nordeste mostra como o boom econômico no Brasil está fazendo com que a violência relacionada ao tráfico migrar para outras partes do país, uma vez que os traficantes buscam novos mercados. O aumento do poder aquisitivo de uma população até então carente tem estimulado o tráfico, resultando em conflitos entre facções rivais.
Segundo o NYT, a chegada do crack tem sido devastadora em Salvador, particularmente na comunidade Nova Constituinte, na periferia da cidade. O líder comunitário Arnaldo Anselmo, de 52 anos, contou ao jornal que uma série de assassinatos relacionados à droga aconteceram nos últimos cinco anos, incluindo a morte de seis adolescentes durante uma troca de tiros.
A explosão de violência na última década se concentra na Bahia e em Alagoas. Entre 1999 e 2008, a taxa de assassinatos no estado baiano cresceu 430%. Para o governador Jaques Wagner, o tráfico acompanha o aumento da demanda por consumo de drogas. "O progresso social no Brasil é visível. Mas, ao mesmo tempo, nós ainda temos problema com o tráfico e a falta de respeito pela vida humana", disse o governador ao NYT.
O jornal americano chama a atenção para o fato de que Salvador é uma das cidades que vai receber os jogos da Copa do Mundo, em 2014, o que torna o alto índice de violência ainda mais preocupante. Agências de viagem afirmaram que estão preocupadas com os crimes na Bahia. "Salvador não está de forma alguma preparada para receber a Copa do Mundo e eles (as autoridades) estão começando a perceber isso", disse Paul Irvine, diretor da agência de viagem Dehouche, no Rio de Janeiro, que vende pacotes para a capital baiana.
Ainda durante a entrevista ao NYT, Jaques Wagner, entretanto, minimizou as preocupações com os jogos, lembrando que todo ano o Carnaval da Bahia recebe mais de um milhão de turistas, cuja segurança é garantida por 22 mil policiais. "Passamos quatro anos sem um homicídio no desfile. Para mim, a força policial não terá qualquer problema durante a Copa do Mundo".
Da Agência O Globo
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