Criminalidade juvenil: os jovens são mais vitimados e quem mais comentem crimes
SEGURANÇA
Adolescentes encarcerados
Publicado em 15.12.2010, Jornal do Commercio
Pelo menos 1.471 menores de 18 anos cumprem medida socioeducativa em Pernambuco. População carcerária de jovens perde apenas para São Paulo
Pernambuco possui a segunda maior população carcerária de adolescentes do País. Com 1.471 menores de 18 anos cumprindo medidas de internação, o Estado fica atrás apenas de São Paulo que tem 6.226 jovens presos. Os dados foram divulgados ontem pela manhã, na capital paulista, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em seu anuário. Os números são de 2009 e mostram que na época da captação das informações, 22% dos adolescentes eram presos provisórios, ou seja, ainda aguardavam julgamento.
A reportagem do JC esteve na tarde de ontem no complexo que reúne a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente e a Vara da Infância e da Juventude, na Boa Vista, área central do Recife. O trânsito de jovens algemados sendo autuados em flagrante ou aguardando julgamento é intenso. Às 15h, um grupo de policiais militares do 12º Batalhão escoltava um rapaz de 17 anos. Flagrado com 166 papelotes de maconha, dez pedras de crack e um revólver, era a quarta vez que ele era preso em dois anos. “A própria mãe dele informou a quantidade de detenções”, explicou o soldado Maurício Paixão.
De acordo com o sociólogo Rodrigo Azevedo, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança, o anuário revela uma realidade preocupante em Pernambuco. “No mesmo levantamento temos informações que colocam o Recife como uma das capitais com maior índice de homicídios entre jovens. Esses dois pontos demonstram a necessidade de políticas públicas específicas para essa faixa da população para evitar tanto os assassinatos quanto as internações excessivas”, avaliou o sociólogo que é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
O juiz da Vara da Infância e da Juventude em Pernambuco, Humberto Vasconcelos, assegurou que, nos últimos anos, a quantidade de atos infracionais violentos praticados por adolescentes vem crescendo. Além disso, faltam alternativas à internação.
“Estado e municípios precisam dar condições para que medidas como a liberdade assistida sejam postas em prática. O investimento em prevenção é outra necessidade urgente”, ponderou o magistrado.
O presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), Alberto Vinicius do Nascimento, confirmou os dados revelados pelo Fórum Brasileiro de Segurança. Atualmente, 1.473 adolescentes cumprem medida restritiva de liberdade na Funase. A entidade tem capacidade para 870 jovens.
“Temos um quadro de superlotação nas unidades da Região Metropolitana do Recife. Até o fim do primeiro semestre do ano que vem devemos amenizar essa situação com a inauguração de três novos centros”, pontuou o presidente.
O Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou também que existem 27 cidades brasileiras onde a vulnerabilidade dos adolescentes à violência é considerada muito alta. Seis cidades pernambucanas fazem parte da lista: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Garanhuns e Petrolina.
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