O tráfico não manda flores
Jorge Antonio Barros enviou essa reação escrita por Zeca Borges
A situação exige a interação de todas as polícias, de estados vizinhos e dos organismos federais.
Desde o final da noite de sábado o Rio vive novos episódios violentos que nos deixam a todos estarrecidos. O primeiro deles foi uma tentativa de arrastão na Rio-Magé, em Caxias, que resultou na morte de Paulo Cesar Alves, que seria funcionário da Reduc. No dia seguinte, mais quatro arrastões ocorreram na cidade, um deles na Rua Presidente Carlos Campos, a poucos metros do Palácio Guanabara, sede do governo do estado. Em 2002, na gestão-tampão de Benedita da Silva, eu, o repórter Jorge Martins e o secretário de redação Antonio Maria viramos a noite após a onda de ataques, um deles com disparos a esmo na fachada do Palácio Guanabara. Era um claro recado ao governo do estado, num momento de transição.
Pois novamente os arrastões na cidade deixaram de ser atos criminosos isolados para virarem rotina, agravados pelo incêndio dos automóveis, depois que os motoristas que são obrigados a abandonar os veículos e fugir desesperadamente, sem saber sequer se podem ser alvo de disparos pelas costas (covardia é uma característica básica desses criminosos). Isso ocorreu novamente ontem na Linha Vermelha. No local, um dos veículos era da Aeronáutica. Com um objetivo claro de sinalizar como um recado às autoridades, o ato bem que poderia unir a inteligência das polícias e das Forças armadas para se planejar com rapidez a resposta que é exigida nesse momento. Em outra ponta, é hora de as polícias buscarem total apoio dos moradores de comunidades pobres já pacificadas ou daquelas que estão dentro do planejamento do governo. O melhor canal para essa colaboração é o Disque-Denúncia (2253-1177). Como na Segunda Guerra, helicópteros da polícia deveriam lançar nas favelas folhetos divulgando o número do Disque-Denúncia e oferecendo até recompensa a informações que levem aos bandidos que estão liderando essa espécie de reação.
Por sua vez, a população no asfalto também precisa reforçar a vigilância e de alguma forma resistir ao medo que cresce nessas horas. Não é fácil. Mas é preciso que não nos deixemos dominar pelo pânico porque é justamente essa a intenção dos criminosos com esses assaltos. Minha modesta sugestão é que incentivemos a criação de redes de proteção, com o uso de mídias sociais, com todo cuidado para não disseminarmos boatos ou informações falsas.
Enquanto a PM tenta reforçar o policiamento de vias expressas (só ontem eu vi três radiopatrulhas num dos acessos ao Túnel Rebouças), o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, talvez tenha que antecipar o retorno de sua viagem ao exterior. Ele foi a Colômbia, levando os comandantes das 12 Unidades de Polícia Pacificadora, justamente o suposto motivo dessa reação dos traficantes, no asfalto.
A situação exige a interação de todas as polícias, de estados vizinhos e dos organismos federais.
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