Relembrando a infância
Em 1987 assisti "De volta para o futuro 2" no cinema São Luiz. Me recordo do sucesso desse filme, que até hoje surpreende pela visão de futuro.
"De Volta Para o Futuro" completa 25 anos com previsões acertadas
Divulgação
Por KAREN LEMOS
SÃO PAULO - Para celebrar os 25 anos da franquia "De Volta Para o Futuro", clássico da década de 80, vale lembrar alguns pontos que podem ser atribuídos ao sucesso da série de filmes. Afinal, prever tecnologias e modismos do futuro em 1989, sendo que parte delas de fato acontecem hoje, não é para qualquer um. Naquele ano, a sequência "De Volta Para o Futuro 2" foi lançada, trazendo a cidade de Hill Valley em 2015, cheio de costumes que conhecemos muito bem nos dias atuais.
Se agora vemos sequências de filmes de sucesso invadindo a programação dos cinemas, é espantoso assistir a cena em que o personagem principal Marty McFly (Michael J. Fox) se depara com o anúncio de "Tubarão 19" na bilheteria de um cinema local. E ainda em 3D!
Robert Zemeckis, diretor da franquia, imaginou que a onda 3D invadisse a indústria cultural, além das continuações de sucessos do cinema. Hoje não há nenhum filme com 19 sequências, claro, mas se pensarmos na quinta parte de "X-Men", ou então, na sétima de "Jogos Mortais", talvez essa realidade não esteja tão distante quanto imaginamos.
Zemeckis também pensou em algo revolucionário para substituir papel e caneta, já que cogitou (e acertou) que, com o tempo, escrever a mão seria algo ultrapassado. Em uma das cenas de "De Volta Para o Futuro 2", McFly é abordado na rua para assinar uma petição e o "papel" que lhe entregam nada mais é do que um tablet eletrônico, onde as pessoas podem assinar, fazer anotações, entre outras coisas. O iPad tem muitos mais recursos, mas a ideia original pode ter surgido daí.
Videoconferências e televisões de plasma também foram imaginados em 2015. No entanto, a tecnologia chegou antes e, bem como já previa a sequência do filme, as pessoas poderiam se comunicar por tecnologia, falando e se vendo por meio de uma tela.
Hoje o computador com webcam é mais usado para esse tipo de conversação, mas alguns telefones móveis já permitem isso. Se telas de plasma fazem parte da realidade de muitas famílias (já que produtos como esses podem ser parcelados em até sabe lá quantas vezes), na Hill Valley de 2015, algo plano, pendurado na parede, poderia também ser uma TV. Coincidência, não?
A variedade na programação dos canais da televisão do "futuro" era excessiva, quase incômoda. No filme, McFly chega a ficar confuso ao se deparar, em frente de uma loja de eletrodomésticos, com uma televisão que transmitia, simultâneamente, cerca de seis programas ao mesmo todo.
Ninguém assiste TV assim, mas temos recursos de mosaico de canais oferecidos por algumas operadoras de televisão, que permitem a nós saber o que está passando em vários canais no mesmo segundo. A evolução dos games também chegou a ser citada, ainda que de forma indireta.
Em uma das cenas de McFly conhecendo Hill Valley de 2015, ele se diverte com alguns joguinhos antigos e é repreendido por crianças daquela geração, que consideram jogar games com uso de consoles, armas eletrônicas, ou qualquer acessório do tipo, ultrapassado.
Para os garotos do futuro, jogos sem recursos gráficos e no qual as mãos são necessárias para interagir com o brinquedo são estúpidos. Algo que lembre os jogos wireless de hoje que já nos permitem jogar sem fazer muito uso das mãos?
Cada vez mais, a invasão da tecnologia em nossa vida é gritante, ainda que podemos não perceber tão claramente (ou frequentemente). Contudo, a cena em que uma família sentada à mesa do almoço mal se comunica, já que uma garota assiste televisão e atende telefone nos óculos. Aí está algo previsto e não completamente real. Não completamente porque já temos MP3 acoplados em óculos escuro. A tecnologia nos afasta, gradativamente, do convívio social - Zemeckis já imaginava nossa realidade dessa forma!
Comidas desidratadas também fazem parte do dia-a-dia da população do futuro em Hill Valley. Uma personagem chega a comer pizza assim, vendida em embalagem à vacuo. Comida industrializada é parte do nosso cotidiano; não tão agravante quanto pizza desidratada, mas um dia... quem sabe.
Nem tudo que Zemeckis previu, no entanto, chegou a sair das telas. Muito do fruto da imaginação do cineasta - quanto mais viagem, mais sua produção tornou-se interessante aos olhos do público - não passou disso: de mera imaginação. Por exemplo, carros sendo abastecidos com lixo. Por mais que os conceitos de reciclagem e biogás estejam em progresso, lixo como combustível de veículos ainda é impossível tecnologicamente. Mas a ideia (principalmente em dias em que a discussão sobre sustentabilidade está em alta) veio a calhar, não?
Agora, convenhamos, carros voadores daqui cinco anos é bem improvável, certo? Mas foi assim que "De Volta Para o Futuro 2" imaginou nosso meio de locomoção. Oficinas de carros voadores, pistas de pousos e trânsitos no céu ainda nos parece ficção ciêntífica. Por enquanto, o tráfego na terra é o que temos para nos contentar.
Hoverboards, aqueles skates que "flutuam" no pé da criançada de 2015, também aparecem longe da realidade atual. As cenas de McFly se divertindo com o brinquedo ainda vão demorar algum tempo para acontecerem. Bem como tênis auto-amarráveis usados pelo protagonista.
Apesar de muita atualidade, "De Volta Para o Futuro 2" traz boas gafes. Coisas que jamais usaríamos hoje ou, então, notícias anunciadas na produção que já caíram com o passar dos anos. Laser Discs, fax como principal meio de comunicação empresarial (seria mais real imaginar o tablet para assinar petições, citado no início do texto, como acessório de conversação) e notícias sobre a Princesa Diana - morta em 1997 em um acidente de carro na França - são alguns dos enganos do diretor que acabaram não vingando.
Irreal mesmo é o look anos 2015 seguindo a tendência de trajes sociais com duas gravatas ao mesmo tempo. Pela foto, dá para imaginar que esse conceito tão bizarro não venha substituir o atual modo masculino de se vestir, certo? Ao menos em seu papel de filme para entreter, divertir e marcar uma época, a franquia "De Volta Para o Futuro" conseguiu cumprir bem sua missão.
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