O que ocorrerá no próximo domingo?
Do blog de Jamildo (JC On line)
Por Adriano Oliveira
Por Adriano Oliveira
Por que desconfiar dos institutos de pesquisas? Costumo afirmar que as pesquisas erram em razão dos analistas de pesquisas. Muitos destes não interpretam adequadamente as pesquisas e incentivam a imprensa e a opinião pública a cometerem erros. A imprensa, por sua vez, erra ao olhar apenas o percentual de votos, e desconsidera outros fatores importantes. Muitos analistas fazem o mesmo.
Não considero que os institutos de pesquisas erraram na disputa presidencial do primeiro turno. Era visível, desde o início de setembro, oscilações positivas da candidata Marina Silva. Os acasos, os quais costumeiramente ocorrem nas disputas presidenciais, surgiram, e o caso Erenice e outros fatos, possibilitaram que Serra fosse para o segundo turno. Isto era previsível. Porém, muitos optaram por enxergar e analisar apenas a intenção de votos. E esqueceram de construir hipóteses.
Neste instante, todas as pesquisas eleitorais mostram que Dilma Roussef é favorita a vencer a disputa pela presidência. A vantagem da candidata do PT em todas as regiões do Brasil, com exceção do Sul, de acordo com a última pesquisa do Datafolha, me faz afirmar, neste instante, que Dilma é favorita a vencer a eleição.
Deve-se considerar que a vantagem ampla que Dilma possui no Nordeste e a mínima vantagem que ela tem no Sudeste sobre Serra, anulam, em parte, a esperança deste em vencer o pleito eleitoral. Serra precisa obter larga vantagem no Sudeste para vencer a disputa. Destaco, ainda, que Dilma tem ampla vantagem junto aos eleitores com ensino fundamental – 55% versus 32%. E mínima vantagem, considerando a margem de erro, junto aos eleitores que têm ensino médio – 47% versus41% (Pesquisa Datafolha, 25/10).
Portanto, diante dos fatos apontados, além de que Serra e Dilma estão estáveis em variadas pesquisas, considerando a variável intenção de votos, afirmo que Dilma é favorita a vencer a competição eleitoral. Porém, nem sempre o favorito vence. Por obrigação, já que faço análise, é importante sugerir alguns cenários possíveis, os quais, friso, devem ser encarados como hipóteses.
Cenário 1: Dilma ou Serra têm desempenho sofrível no último debate. Este, por sua vez, tem considerável audiência. Surgem ondas de opinião negativas para um dos candidatos, as quais serão repercutidas na escolha do eleitor.
Cenário 2: A abstenção é alta no Sudeste e entre os eleitores com maior renda e nível de instrução. Por outro lado, a abstenção é baixa ou normal no Nordeste e entre os eleitores com menor renda e nível de instrução. Com isto, a diferença entre Dilma e Serra amplia-se, e a petista vence a eleição.
Cenário 3: A abstenção é pequena no Sudeste e entre os eleitores com maior renda e nível de instrução. Por outro lado, a abstenção é alta no Nordeste e entre os eleitores com menor renda e nível de instrução. Com isto, a diferença entre Dilma e Serra diminui. E em razão de ondas de opinião negativas contra Dilma, provocadas pelo último debate, Serra vence no Sudeste e no Sul por ampla margem de votos – não desconsidero a força de Aécio e Alckmin.
O melhor cenário para Dilma é o dois. E, claro, ela precisa ter um bom desempenho no último debate. O melhor cenário para Serra é o três. Saliento que 8% dos eleitores estão indecisos e 5% pretendem votar Branco/Nulo ((Pesquisa Datafolha, 25/10). Tanto Serra como Dilma poderão conquistar parte destes eleitores.
Considerando os cenários postos, é possível e real a vitória de Dilma. Mas não descarto o sucesso eleitoral de Serra, em razão do cenário três.
Caso o costureiro de Dilma ligue para mim perguntando se já pode fazer o vestido da posse, eu recomendarei calma. E se o de Serra me ligar? Eu recomendarei muita calma e desejarei muita sorte.
PS: Adriano Oliveira é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Coordenador do Núcleo de Estudo de Estratégias e Política Eleitoral
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