As chances de Jarbas se concentram no guia eleitoral


Por Adriano Oliveira - cientista político UFPE


O papel do analista político é prever cenários. Através da observação do comportamento dos atores e da análise de pesquisas eleitorais, cenários políticos podem ser construídos. Na construção destes é adequado considerar as futuras ações e posicionamentos dos atores, como também o comportamento do eleitor. É comum na realidade política brasileira, a abordagem do contexto político desconsiderando a formulação de cenários. Os analistas não praticam o ato de prevê.


O interessante é que os atores políticos também não constroem previsões eleitorais. São raros os atores que utilizam de informações diversas e de analistas qualificados para construir previsões e estratégias eleitorais. Em razão disto, observo no comportamento dos sujeitos políticos otimismo em demasia, pessimismo e estratégias inadequadas.


Em minhas análises sobre o contexto político pernambucano não perdi de vista o comportamento dos atores do PSDB. A minha assertiva inicial, feita no ano passado, era de que Sérgio Guerra não seria candidato a reeleição. Guerra, certamente, com a ajuda de bons analistas, avaliou que seria difícil a sua reeleição numa disputa em que ele seria opositor a um governo aprovado pela população. Portanto, não me surpreende a crise, tão badalada pela imprensa, entre PMDB e PSDB.


O candidato Jarbas Vasconcelos relutou, com razão, em ser candidato. Ele tinha motivos para ser candidato e por isto disputa a eleição contra Eduardo Campos. Se Jarbas não fosse candidato agora, o seu capital eleitoral sofreria forte enfraquecimento. Esta é uma das razões dele ser candidato. Jarbas sabia e sabe, desde o início, que as suas chances de vitória dependem de três fatores/estratégias fundamentais: 1) Desconstrução da imagem da administração do governador Eduardo Campos; 2) Estadualização da disputa; 3) Comunicação eficiente através do guia eleitoral.


As recentes pesquisas divulgadas sobre a eleição de Pernambuco mostram o óbvio para a eleição de governador: o candidato Eduardo Campos, em razão da aprovação da sua administração, tem ampla vantagem sobre o candidato Jarbas Vasconcelos. Este, por sua vez, em razão de não ter feito oposição e nem contou com atores dispostos para tal, perdeu capital eleitoral.


Saliento que Eduardo Campos tem méritos administrativos perceptíveis junto à população. Além disto, construiu junto à parte do eleitorado a imagem de um governador trabalhador – pesquisas qualitativas indicam isto.


Neste instante, a eleição, como sempre frisei, tem um favorito: Eduardo Campos. As circunstâncias políticas favorecem a reeleição do governador. Jarbas, por sua vez, ainda, ainda adentrará na disputa, já que não teve, até o instante, condições para tal. As chances de Jarbas, como já dito, se concentram no guia eleitoral.


Friso, ainda, e isto já coloquei por diversas vezes, que se a oposição desejasse criar condições favoráveis ao sucesso eleitoral de Jarbas, um terceiro candidato, parcialmente competitivo, teria sido lançado. Com isto, as chances de ocorrer um segundo turno aumentariam. Hoje, Jarbas depende do desempenho dos competidores Sérgio Xavier e Edilson Silva.


A partir do início de setembro, as pesquisas mostrarão se novos cenários surgirão. Por enquanto, continuo a diagnosticar o óbvio: Eduardo Campos é favorito a vencer a disputa eleitoral. Faço isto, porque não observo, no momento, nenhum fato novo que vem a enfraquecer a força eleitoral de Eduardo Campos. Contudo, a disputa eleitoral ocorre numa trajetória, onde nesta, acasos, não tão previsíveis, ocorrem.

Comentários

Postagens mais visitadas