Interiorização do crime acontece em todo o País
Publicado em 14.02.2010
Soraya Aggege
Agência O Globo
SÃO PAULO – O novo retrato da violência no Estado de São Paulo é um recorte da realidade nacional, avaliam especialistas. Segundo eles, a violência deixou de ser metropolitana para se tornar urbana. A causa principal dessa interiorização é a gestão pública, principalmente dos Estados, que não integram suas Polícias Civil e Militar. Além disso, as metrópoles receberam mais investimentos públicos e da própria sociedade civil, que se organizou primeiro contra a violência.
Para o consultor José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública e ex-coordenador de planejamento das polícias do governo paulista, o modo de operação das polícias brasileiras é limitado pela falta de interação entre as forças estaduais. Ele frisa que, em geral, 20% dos criminosos são responsáveis por 80% dos crimes nas cidades, e 10% das regiões concentram 90% da incidência dos crimes.
“A regra básica é: houve aumento de algum tipo de crime, ele é identificado, repassado para a PM policiar a região e para a Civil ir atrás dos grupos de ação criminosa. Mas isso não acontece. Os governadores não cobram relatórios nem quinzenalmente, não há uma cultura do desempenho”, disse.
Segundo Vicente, o governo de Pernambuco conseguiu melhorar a interação das polícias e reduzir a criminalidade: “Em Pernambuco está sendo implementada uma cultura. O governador (Eduardo Campos) faz reuniões regulares e pede resultado, por regiões. Já na Bahia, houve uma crise grande entre as polícias em 2002 e, até hoje, os policiais continuam desmotivados e separados, enquanto a violência só aumenta. São Paulo tem todo o instrumental e já teve mais integração e gestão, mas a situação tem piorado”.
O diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, avalia que há três elementos importantes: falta de gestão policial, urbanização desordenada no interior e ausência do Estado nas periferias. Ele frisa que no Brasil as cidades médias que passam por urbanizações desenfreadas recentemente se tornam mais violentas, e não têm conseguido gerir a segurança pública.
O secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, também avalia que violência e criminalidade caminham juntas com o crescimento urbano no País: “Há um conjunto de fatores: falta integração entre as polícias, integração da área de segurança com outros setores, como saúde e educação e eficiência democrática”.
Soraya Aggege
Agência O Globo
SÃO PAULO – O novo retrato da violência no Estado de São Paulo é um recorte da realidade nacional, avaliam especialistas. Segundo eles, a violência deixou de ser metropolitana para se tornar urbana. A causa principal dessa interiorização é a gestão pública, principalmente dos Estados, que não integram suas Polícias Civil e Militar. Além disso, as metrópoles receberam mais investimentos públicos e da própria sociedade civil, que se organizou primeiro contra a violência.
Para o consultor José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública e ex-coordenador de planejamento das polícias do governo paulista, o modo de operação das polícias brasileiras é limitado pela falta de interação entre as forças estaduais. Ele frisa que, em geral, 20% dos criminosos são responsáveis por 80% dos crimes nas cidades, e 10% das regiões concentram 90% da incidência dos crimes.
“A regra básica é: houve aumento de algum tipo de crime, ele é identificado, repassado para a PM policiar a região e para a Civil ir atrás dos grupos de ação criminosa. Mas isso não acontece. Os governadores não cobram relatórios nem quinzenalmente, não há uma cultura do desempenho”, disse.
Segundo Vicente, o governo de Pernambuco conseguiu melhorar a interação das polícias e reduzir a criminalidade: “Em Pernambuco está sendo implementada uma cultura. O governador (Eduardo Campos) faz reuniões regulares e pede resultado, por regiões. Já na Bahia, houve uma crise grande entre as polícias em 2002 e, até hoje, os policiais continuam desmotivados e separados, enquanto a violência só aumenta. São Paulo tem todo o instrumental e já teve mais integração e gestão, mas a situação tem piorado”.
O diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, avalia que há três elementos importantes: falta de gestão policial, urbanização desordenada no interior e ausência do Estado nas periferias. Ele frisa que no Brasil as cidades médias que passam por urbanizações desenfreadas recentemente se tornam mais violentas, e não têm conseguido gerir a segurança pública.
O secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, também avalia que violência e criminalidade caminham juntas com o crescimento urbano no País: “Há um conjunto de fatores: falta integração entre as polícias, integração da área de segurança com outros setores, como saúde e educação e eficiência democrática”.
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