Toffoli e o limite da loucura
Aldo Cruz
Folha de São Paulo
01/10/2009
Folha de São Paulo
01/10/2009
Comentário de um senador da oposição ao final da sabatina do novo ministro do STF, José Antonio Dias Toffoli: "Bem, agora eu vou cumprimentar o Toffoli. Afinal, o cara vai ficar no Supremo os próximos trintas anos e loucura tem limite". O senador não é daqueles do baixo clero. É um cacique, como se costuma dizer. Mesmo sendo da oposição, votou a favor da indicação do presidente Lula para o Supremo. Sua frase sintetiza bem o sentimento que envolveu a votação do ex-advogado-geral da União para o STF.
Apesar das críticas à falta de doutorado e pós-graduação do indicado de Lula e suas ligações com o PT, governistas e oposicionistas acreditavam na aprovação do nome de Toffoli. Daí que os senadores "com juízo na cabeça", como disse outro parlamentar, não só votaram em Toffoli como buscaram transmitir sinais de que assim o fizeram durante a votação secreta tanto na Comissão de Constituição e Justiça como no plenário do Senado.
O fato é que, se o clima em torno da indicação de Toffoli foi muito ruim logo depois de ser anunciada, aos poucos o sentimento negativo foi-se diluindo, principalmente pela entrada em cena de algumas personagens do mundo jurídico. O novo ministro do STF teve como cabos eleitorais atuais e ex-membros do Supremo Tribunal Federal, ligados tanto ao PT como aos tucanos e democratas. Pesou, e muito, também as ligações telefônicas de advogados da oposição para senadores hipotecando apoio a Toffoli.
De outro senador da oposição, ouvi também o seguinte comentário: "Fiquei impressionado como advogados ligados a nós ligaram elogiando a atuação de Toffoli. De repente, parece que descobrimos que, apesar de suas ligações petistas, ele sempre atuou de forma correta e a mais isenta possível. Foi uma grata surpresa. Não dava para votar contra".
Ou seja, diante de um nome reunindo apoios no mundo jurídico de todos os campos, a turma da oposição não quis simplesmente marcar posição contra o presidente Lula. Preferiu ajudar a aprovar Toffoli. Afinal, ninguém sabe o dia de amanhã. É melhor ter um "amigo" no Supremo do que um "inimigo".
Votos contra
Líderes governistas avaliam que 16 senadores da oposição votaram a favor de Toffoli. Entre os nove que disseram não a ele no plenário, os governistas acreditam que há senadores do seu grupo também. Tinha parlamentar da base aliada condicionando seu voto à resolução de probleminhas em suas bases eleitorais. Como a votação era secreta, não é possível dizer com segurança quem votou contra. Dois, pelo menos, disseram abertamente que optaram por esse caminho: o tucano Alvaro Dias (PR) e o peemedebista Pedro Simon (RS). Votaram contra na CCJ e no plenário.
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