Os determinantes da violência no Nordeste I
José Maria Nóbrega
Júnior*
Afirmar o que é
determinante para o crescimento da violência em dada realidade social não é
tarefa fácil. Geralmente, partimos de hipóteses para tentar encontrar o que,
realmente, importa para determinado fenômeno social. O método quantitativo
ajuda muito e deve ser usado com bastante cuidado metodológico. Em algumas
publicações, vou destacar o que os meus estudos sobre violência e criminalidade
no Nordeste apontaram em termos de causalidades e o que se mostrou determinante
entre eles.
Parte desses estudos
foi financiada através de pesquisa pelo CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) como “Panorama dos Homicídios no
Nordeste Brasileiro”. Foram treze artigos publicados em periódicos, dois
capítulos de livro e um livro em seis anos de pesquisa e estudos.
Parto de uma hipótese H1:
Aspectos socioeconômicos influenciam na curva da violência. Por exemplo, quando
afirmo que a pobreza afeta a curva da violência, estou dizendo que pobreza (Y)
está modificando a linha da violência (X). Na hipótese de maior pobreza
potencializar a violência, a expressão da curva da violência deve ser
ascendente. O método mais adequado para analisar esta relação é o modelo de
correlação ou de regressão entre variáveis. Tais mecanismos metodológicos são usados
basicamente para prever o valor de Y a partir do valor de X e estimar o quanto
de X influencia ou modifica Y.
Se uso como indicador
de pobreza a variável (Proxy)
‘renda’, por exemplo, e quero saber o quanto de aumento ou declínio da ‘renda’
afeta ou modifica a curva da violência eu posso seguir, pelo menos, dois
caminhos. A análise em série temporal ou o método de correlação matricial.
Vamos utilizar a série temporal.
Usando os dados do
Recife como Proxy para região metropolitana do Nordeste, percebe-se que, entre
1991 e 2010, houve aumento da renda esta medida pelo IDHM-r (Y), com incremento
percentual de 15,3% no período. As taxas de homicídios (X) no mesmo período
tiveram uma baixa de -19,4%. O modelo de correlação entre as duas séries
temporais demonstraram um R=-0,525 o indica um nível médio de correlação
estatística. Isso nos diz que a variável ‘renda’ é importante, mas não
necessariamente determinante para o controle da violência.
O aumento da renda de
uma população é um importante instrumento de inclusão social, mas não determina
o controle da violência. Apesar da correlação em nível médio de significância
estatística no teste aqui empreendido, Pernambuco inverteu a curva da violência
medida pelas taxas de homicídios em período posterior ao aumento da renda, que
vinha acontecendo desde o início da década de noventa. Vamos fazer mais testes?
* Doutor em Ciência
Política pela UFPE. Professor Adjunto da UFCG.
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